O júri deste ano foi constituído pelo professor Mario Barenghi, da Universidade Bicocca, de Milão, Itália, pela escritora e crítica literária Anna Caballé, assim como pelo escritor Javier Rodríguez Marcos, ambos de Espanha, pela investigadora Luminita Marcu, da Universidade Bucareste, na Roménia, pelaa editora livreira francesa Anne Marie Métailié, pelo docente mexicano Rafael Olea Franco, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e pela escritora e ensaísta brasileira Regina Zilberman.

O júri destacou "o nível literário" de Lídia Jorge, e o modo "como a sua obra novelística retrata a forma como os indivíduos enfrentam os grandes acontecimentos da História".

Lídia Jorge recorda que a literatura é um ato de resistência

A escritora portuguesa Lídia Jorge afirmou hoje que "a literatura é um ato de resistência absolutamente indispensável", em tempos de pandemia, e manifestou-se "muito feliz" por receber o Prémio de Literatura da Feira Internacional do Livro de Guadalajara .

Na mesma sessão de anúncio, realizada 'online' pela feira, Lídia Jorge afirmou que este prémio literário -- que distingue o conjunto da carreira -- surge "num momento muito particular".

"Um prémio como este diz: 'Os teus livros valem alguma coisa para os leitores' e dá um sentido à nossa vida pessoal. Em primeiro lugar, a literatura é uma grande alegria interior, íntima, e depois quando passa para a audiência, para as pessoas, para o público que a lê e ama, é um milagre", afirmou Lídia Jorge.

Na mesma sessão de anúncio, Lídia Jorge dedicou o prémios aos "companheiros" da literatura portuguesa e revelou que está a trabalhar numa nova obra, que poderá ter por título "Misericórdia", influenciada pela recente perda da mãe e pela pandemia da covid-19.

"O homem é um hospedeiro e o hóspede é o covid-19. Tem milhares de letras no seu genoma, mas não o conhecemos. É insidioso. Pensamos na 'Origem das Espécies', que explica que uns comem os otros. A natureza é uma questão de fome", disse.

Em tempos de pandemia, Lídia Jorge sublinhou ainda que "a literatura é um ato de resistência absolutamente indispensável" e que é preciso "publicar, ler e divulgar".

"As pessoas compreendem que a leitura é um exercício fundamental sem o qual as outras artes serão menores, serão superficiais. Esta pandemia é uma espécie de tomada de consciência e que devemos regressar à leitura silenciosa", disse.