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"Jorge Jesus selecionador do Brasil? É legítimo"

11 jun, 2020 - 18:13 • Pedro Azevedo

Fernando Pires, presidente da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol, aprova o nome do técnico português para o cargo se surgir o convite da CBF.

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O presidente da Associação de Treinadores Brasileiros de Futebol aprova o nome de Jorge Jesus caso o treinador português venha a ser convidado para selecionador do Brasil.

Em entrevista exclusiva a Bola Branca, Fernando Pires, considera que o Jorge Jesus tem legitimidade para aspirar ao cargo de selecionador da canarinha.

A possibilidade de Jorge Jesus ser convidado para a assumir a seleção do Brasil é um tema que tem sido falado com insistência. O treinador abriu essa porta em março numa entrevista a um canal brasileiro de televisão.

“Aspirar ao cargo de selecionador do Brasil é válido. Ele dirige a equipa campeã do Brasil com uma temporada de luxo, com sucesso e resultados muito positivos. Se está ao serviço do futebol brasileiro pode aspirar ao lugar de selecionador. Digo sempre que o futebol de excelência não pode ter fronteiras. Não é por ser estrangeiro que deixa de poder treinar a seleção brasileira. Aliás, não considero os portugueses estrangeiros. Somos irmãos. Fui tratado assim, com respeito, carinho e igualdade, quando joguei e vivi em Portugal”, afirma Fernando Pires.

“Acho legítimo que Jorge Jesus possa sempre pensar que um dia irá dirigir a seleção brasileira. Se vai acontecer ou não, é outra questão. São situações políticas da própria CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Não sabemos os interesses da CBF, mas ele como profissional competente tem de pensar de forma positiva e pensar que um dia pode ser convidado para dirigir a seleção brasileira como Otto Glória dirigiu a melhor seleção portuguesa em campeonatos do mundo, em 1966”, argumenta o presidente da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol.

Renovação era o cenário mais lógico

Enquanto o nome de Jorge Jesus continua a ser falado para a seleção brasileira de futebol, o treinador português renovou pelo Flamengo depois de várias semanas de negociações.

Fernando Pires entende que a renovação é o corolário lógico do percurso de sucesso do treinador português no clube carioca.

“A Associação Brasileira de Treinadores de Futebol está feliz com o resultado das negociações de Jorge jesus com o Flamengo. É o treinador campeão brasileiro, vencedor da Libertadores e vice-campeão do mundo de clubes. O resultado da negociação foi o mais lógico e Jorge Jesus continua à frente da equipa”, diz o presidente da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol.

Os recordes que Jorge Jesus pode estabelecer

Com contrato pelo Flamengo até 2021, Jorge Jesus pode tornar-se no primeiro treinador a vencer duas vezes seguidas o Brasileirão pelo clube carioca, o primeiro técnico do Flamengo a vencer duas vezes a Taça Libertadores e o primeiro treinador europeu a erguer o troféu em duas ocasiões.

Fernando Pires acha que o treinador português pode aspirar a todas essas metas.

“Jorge jesus é um treinador ambicioso e depois do sucesso que alcançou tem de querer sempre mais. Hoje a situação é distinta do ano passado. Há um ano, chegou com a época a decorrer e assumiu o Flamengo com alguma contestação. O trabalho foi criticado no início e eu lembro-me bem de ter dito para deixarem o Jorge Jesus trabalhar que porque os resultados iriam aparecer. E assim foi. A equipa foi montada e ficou mais consistente no seu jogo, os resultados apareceram, e o Flamengo chegou onde chegou. Essa aspiração dele de bater mais recordes no Flamengo é legítima”, sublinha.

Jesualdo Ferreira e um contexto diferente no Santos

Na presente época, a atenção dos portugueses está também virada para o trabalho de Jesualdo Ferreira no comando técnico do Santos.

Fernando Pires explica que o contexto é diferente do que Jorge Jesus encontrou no Flamengo. “É uma situação totalmente diferente. Jesualdo Ferreira pegou numa equipa desmontada. Olhando para o Santos do ano passado, com grandes jogadores e uma equipa fortíssima com Jorge Sampaoli, saíram seis ou sete titulares absolutos. Se o Santos foi desmontado, querer que Jesualdo Ferreira consiga resultados positivos a curto prazo, antes de montar uma nova equipa, é muito difícil. O campeonato paulista é muito competitivo. Ele conseguiu colocar o Santos na fase final, mas a interrupção provocada pela pandemia atrapalhou tudo. Estamos nunca incógnita e não sabemos o que vai acontecer no retorno do futebol brasileiro”, refere.

Brasil sem datas para desconfinamento do futebol

O futebol brasileiro continua parado devido à pandemia. O país é dos mais fustigados no panorama mundial e nesta altura é uma incógnita o regresso do futebol.

“Há um total desencontro porque o Brasil é muito grande. Cada estado está a viver um momento distinto da pandemia. Há locais com flexibilização e a tentar voltar ao normal, mas algumas cidades já estão a adotar medidas mais severas com restrições no comércio, casas de espetáculo, igrejas, etc. Essas cidades estão a voltar ao isolamento”, explica Fernando Pires.

“As datas para o regresso do futebol estão muito desencontradas. Temos tido vários debates promovidos pela Associação Brasileira de Treinadores de Futebol com fisiologistas, advogados da área do direito desportivo e do trabalho e todos estão preocupados porque o regresso dos campeonatos é muito complexo. Como voltar à competição se dentro do mesmo estado se verificam situações completamente diferentes? Imagine-se as diferenças ao nível de todo o Brasil”, sublinha o responsável.

Nesta entrevista a Bola Branca, Fernando Pires acredita que “dentro de duas, três ou quatro semanas, no máximo, os jogos recomecem porque a pressão é grande”.

“A pressão está a ser exercida por clubes como o Flamengo, Palmeiras e outras grandes equipas do futebol brasileiro. Essas equipas não podem ficar paradas porque precisam de faturar”, conclui o presidente da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol.

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