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Covid-19

Marcelo Rebelo de Sousa: "Não há sinais de que o desconfinamento agravou surto epidémico"

08 jun, 2020 - 13:38 • Redação

Presidente da República diz que não saiu "mais preocupado" da reunião desta segunda-feira no Infarmed e aponta quatro motivos para a subida do número de casos em Lisboa e Vale do Tejo (LVT).

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"Não há sinais de que o desconfinamento tenha provocado um agravamento do surto epidémico" de Covid-19 no país nas últimas semanas, afirma o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa diz que não está "mais preocupado" e apontou alguns motivos para a subida do número de casos em Lisboa e Vale do Tejo (LVT).

O chefe de Estado falava esta segunda-feira aos jornalistas no final de uma reunião com especialistas, que decorreu na sede do Infarmed, em Lisboa.

“A haver sinais é no sentido de uma estabilização na descida, lenta. Como foi dito no início, aquilo que foi feito para achatar a curva prolongava a curva, mas fazendo descer”, afirmou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa saiu do encontro com vários "aspetos positivos" para apresentar aos portugueses. "É positiva tendência de diminuição do número de internados, a diminuição de internados em cuidados intensivos, a diminuição do número de mortes, a evolução sentida na larguíssima maioria das áreas territoriais do país, regiões autónomas da Madeira e Açores, Alentejo, Algarve, Norte e Centro”, sublinhou.

O Presidente da República também adianta que a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem vindo a diminuir e que as previsões são boas.

A região que mais preocupa nesta altura é Lisboa e Vale do Tejo, que concentra a esmagadora maioria dos novos casos nas últimas semanas.

Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os especialistas e aponta quatro razões para esta tendência em LVT. Em primeiro lugar, "Lisboa teve sempre uma tendência relativamente estável de casos, nunca subiu muito, ao contrário do Norte e Centro, e também não desceu de forma acentuada".

A segunda hipótese possível é "ter havido atraso no tempo na expressão mais intensa do surto relativamente as outras regiões. A subida a que assistimos é retardada no tempo em relação a outras regiões".

A terceira explicação é a de que "há uma perceção e compreensão pela opinião pública de um agravamento em Lisboa e Vale do Tejo que é superior ao agravamento efetivo. Há uma percepção que até é injusta para outras regiões. Quando vemos lista de municípios com maior incidência de surto, nos primeiros dez não está nenhum município de LVT. Já esquecemos o que houve no Norte e Centro do país de forma muito acentuada em fases anteriores".

Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa adianta que está a ser investigado se não há nestes números em LVT o peso de duas áreas de atividade: a construção civil e o trabalho temporário. "Se for isso e houver preocupação da empresas de testar trabalhadores, isso talvez explique – vale a pena investigar – o que aconteceu em LVT, porque aconteceu com uma incidência particularmente forte nestas duas áreas que nunca pararam mesmo em período de confinamento. Não se pode dizer que há o efeito do desconfinamento", afirma o Presidente.

Para dia 24 deste mês está marcada uma nova reunião na sede do Infarmed, para avaliar a evolução do desconfinamento e da pandemia em Portugal.

Portugal volta a registar menos de 200 novos casos num dia, quase uma semana depois. Algo que pode estar ligado à habitual redução do número de casos à segunda-feira. A contagem total é de 1.485 mortes (mais seis que no domingo) e 34.885 casos (mais 192, o que supõe um aumento de 0,6%) confirmados de infeção pelo novo coronavírus, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Na conferência de imprensa de atualização da situação pandémica em Portugal, o secretário de Estado da Saúde pediu cautela na apreciação do número "aparentemente mais animador" de novos casos desta segunda-feira, tendo em conta, precisamente, o referido fenómeno de "certa subnotificação de casos devido ao fim de semana".

Dados divulgados esta segunda-feira, no boletim epidemiológico diário da Direção-Geral da Saúde (DGS), revelam que há 229 concelhos portugueses com, pelo menos, três casos confirmados de Covid-19. Sintra ultrapassou Vila Nova de Gaia em número de casos e é já o segundo concelho do país com mais infeções.

"Quanto à responsabilidade dos portugueses, isso é um problema da democracia"

Questionado sobre as manifestações de sábado, onde não foi respeitado o distanciamento social, o Presidente da República não comentou o caso em concreto, mas acredita que os portugueses saberão compatibilizar desconfinamento com o exercício dos seus direitos, em segurança.

“Quanto à responsabilidade dos portugueses, isso é um problema da democracia. A democracia constrói-se todos os dias. Dá muito trabalho organizar manifestações e reuniões, dá muito trabalho o comportamento de cada qual na convivência social, até nas coisas mais pequenas: na sua mobilidade, no convívio familiar alargado, no convívio dos amigos, na forma de prática do desconfinamento”, começou por referir Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado afirma que os portugueses mostraram a sua responsabilidade ao fazerem um “confinamento muito exigente” e, genericamente, “têm mostrado essa responsabilidade nas fases de desconfinamento”.

“Eles saberão fazer o desconfinamento compatibilizando o arranque de economia e sociedade, num quadro de normalidade democrática, com a preocupação da vida e da saúde pública”, sublinha.

Marcelo Rebelo de Sousa nota que “há exceções, como tudo na democracia. A democracia comporta as exceções. O fundamental é que os portugueses, em geral, consigam o equilíbrio entre não facilitar em excesso nem entrar em alarmismo em excesso durante o desconfinamento”.

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