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Igreja une-se para denunciar o tráfico de pessoas

08 fev, 2020 - 12:45 • Ana Lisboa

Portugal é o segundo país com maiores índices de tráfico de pessoas para fins laborais.

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Neste dia 8 de Fevereiro, em que a Igreja recorda a memória litúrgica de Santa Josefina Bakhita, assinala-se o Dia Mundial de Oração e Reflexão Contra o Tráfico de Pessoas, que este ano tem como tema “Juntos contra o tráfico de pessoas”.

Para comemorar esta data, instituída pelo Papa Francisco, e que se assinala há 6 anos, a Comissão de Apoio às Vítimas de Tráfico de Pessoas, criada no âmbito da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), vai participar na Oração do Terço, na Capelinha das Aparições, em Fátima, às 18h30.

A irmã Julieta Mendes Dias, uma das responsáveis desta Comissão, reconhece que este “é um crime que não pode ser ignorado por ninguém, muito menos pelos cristãos”.

Além desta iniciativa em Fátima, a Comissão fez “uma pequena pagela para distribuir pelas paróquias”.

Esta Comissão de Apoio às Vítimas de Tráfico de Pessoas, nascida em 2006, tem como objetivo “sensibilizar e informar” para a problemática do tráfico humano.

Constituída por consagrados e leigos, desenvolve várias ações de prevenção, entre elas “um projeto dirigido às comunidades educativas do 3º ciclo e secundário, com o objetivo de alertar para esta questão, que constitui, sem dúvida, um dos maiores ataques à dignidade e aos direitos humanos e que está longe de ser erradicada”, diz Julieta Mendes Dias.

A Irmã Julieta refere que são “sobretudo os professores de Educação Moral que nos pedem para falarmos sobre o assunto”. E isto acontece tanto “em escolas públicas como em particulares”.

Recorde-se que Portugal é o segundo país da União Europeia com maiores índices de tráfico de pessoas para fins laborais.

De acordo com um relatório da Comissão Europeia, das 339 vítimas registadas em 2015 e 2016 no nosso país, 73% foram para exploração laboral e esta percentagem é a segunda mais alta, depois de Malta com 84%.

As vítimas são maioritariamente homens, provenientes da Ásia e a trabalhar no setor da agricultura.

Quem foi Santa Josefina Bakhita

A festa de Santa Josefina Bakhita coincide com o Dia Mundial de Oração e Reflexão Contra o Tráfico de Pessoas, convocado pelo Papa para o dia 8 de Fevereiro.

De origem sudanesa, Bakhita foi raptada ainda na infância para ser escrava na Europa. Após quase 20 anos de maus tratos e humilhações, foi entregue a uma família que decidiu levá-la para a sua terra natal, deixando-a com as Irmãs Canosianas, ordem na qual acabou por ingressar.

Foi canonizada pelo Papa João Paulo II no ano 2000. Tornou-se a primeira santa africana.

Preocupado com o tema do tráfico de pessoas, o Papa decidiu escolher esta data que se assinalou pela primeira vez em 2015.

Na altura, Francisco apelou a “todos os que têm responsabilidades de governo, para que se comprometam com determinação a remover as causas desta chaga vergonhosa, uma chaga indigna da sociedade civil”.

O Santo Padre tem alertado por diversas vezes para esta “trágica realidade” da escravatura na sociedade atual, admitindo que “não é algo de outros tempos, mas da atualidade, tanto ou talvez mais do que antes”.

Por isso, pede que “rezemos pelo acolhimento generoso das vítimas do tráfico de pessoas”. No seu entender, não se pode “lavar as mãos” para não se ser, de “certa forma, cúmplice destes crimes contra a humanidade”.

Esta iniciativa do Papa é promovida pela rede mundial de vida consagrada que luta contra o tráfico de pessoas ‘Talitha Kum’, fundada pela União Internacional de Superiores e Superioras Gerais.

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