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Aumenta a tensão entre Turquia e Rússia por causa da Síria

03 fev, 2020 - 15:40 • Filipe d'Avillez com Reuters

Cinco militares turcos foram mortos na região de Idlib. Erdogan já avisou a Rússia para se afastar da zona, mas Moscovo não parece interessado na proposta e culpa Ancara pelas mortes dos seus soldados.

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A Turquia disse à Rússia que tem de se distanciar das forças do regime de Bashar al-Assad que estão a avançar na região de Idlib, na Síria.

A aviso vem no seguimento de um incidente entre militares sírios e turcos que fez cinco mortos no contingente turco que se encontra em território Sírio, nos arredores de Idlib. Em retaliação os turcos dizem que mataram entre 30 e 35 soldados sírios, mas o Governo sírio nega e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos diz que foram 15.

A Turquia tem vários postos de observação militar na região de Idlib, o último bastião de forças rebeldes na guerra civil da Síria, que já dura há quase nove anos.

Ao longo dos últimos anos várias bolsas de rebeldes por todo o país renderam-se na condição de poderem ser transportados para a região de Idlib, na fronteira turca, em acordos mediados por Ancara. A Turquia tem protegido e apoiado estes grupos, muitos dos quais são de natureza jihadista.

Com o apoio das forças russas, a Síria já controlou todo o resto do país, restando apenas Idlib, onde tem feito grandes avanços nos passados meses.

O avanço das forças leais a Assad tem levado a uma nova vaga de refugiados a tentar chegar à Turquia, onde já vivem mais de três milhões de sírios que fugiram da guerra civil.

A Turquia quer evitar a queda de Idlib e tem reforçado a sua presença na região, mas quer ainda evitar um conflito aberto com as forças russas que apoiam Assad, o que levou Erdogan a lançar um aviso a Moscovo.

“Dissemos especialmente aos russos que eles não são nossos inimigos aqui, é o regime sírio, e que por isso devem-se afastar”, disse o Presidente turco, acrescentando que está disponível para falar diretamente com Vladimir Putin, caso as negociações diplomáticas falhem.

Referindo-se aos ataques de que foram alvo os militares turcos, Erdogan foi claro. “Respondemos na mesma moeda e continuaremos a fazê-lo, seja com artilharia ou com morteiros. Estamos apostados em continuar as nossas operações em prol da segurança do nosso país, do nosso povo e dos nossos irmãos em Idlib. Quem questionar a nossa determinação rapidamente perceberá que cometeu um erro”, afirmou.

A Rússia, entretanto, não mostrou qualquer sinal de querer retirar o seu apoio a Assad e diz que a culpa na morte dos militares turcos é dos próprios. “Unidades militares turcas movimentaram-se dentro da zona de desescalada sem avisar a parte russa e foram atingidos por fogo das forças governamentais da Síria, dirigido aos terroristas na região a Oeste de Saraqib”, disse o Ministério da Defesa da Rússia.

A Turquia nega esta versão dos acontecimentos, dizendo que a Rússia estava informada das movimentações.

As relações entre a Rússia e a Turquia têm-se mantido surpreendentemente estáveis ao longo dos últimos anos, apesar de uma série de incidentes. Desde aviões abatidos de parte a parte, alegadamente por engano, até ao assassinato do embaixador da Rússia na Turquia.

Para além da Síria, os dois países apoiam ainda lados contrários na guerra da Líbia.

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