21 jan, 2020 - 18:00 • Pedro Filipe Silva
“Juntos pelo Sudoeste” é o nome do recente movimento criado por um grupo de cidadãos de Odemira e Aljezur. A ideia estava a ser preparada e acabou por ganhar forma após a reportagem da Renascença sobre o crescimento da agricultura e da imigração no concelho de Odemira.
A primeira medida tomada foi o lançamento de uma petição. Os subscritores querem ver discutida esta situação que se vive no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Mostram-se preocupados com o avanço da agricultura, pedem ao governo que proíba a instalação de mais estufas e defendem a necessidade de estudos de impacto ambiental e social.
A representante deste movimento de cidadãos, Sara Serrão, defende que a situação seja clarificada. “Queremos que seja colocado um limite à expansão da zona agrícola e que haja uma real preocupação e um esforço para compatibilizar os interesses da indústria agrícola com a valorização e a preservação ambiental. Este é um parque natural, uma área protegida, com compromissos ambientais assumidos. Qual é o futuro para esta região? É um futuro sustentável?”, questiona.
Vêm sobretudo do Nepal, Índia, Bulgária e Tailândi(...)
Este movimento de cidadãos pede ainda que seja revogada a Resolução do Conselho de Ministros, de Outubro do ano passado, que tem gerado muita polémica. Um dos pontos de maior controvérsia está na definição do limite da área cobertura por estufas no Perímetro de Rega do Mira.
O documento define 40% dos 12 mil hectares da área de regadio. Estão ocupados cerca de 10%. A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque diz que o limite antes era de 80% e por isso há uma diminuição. Sara Serrão não vê a questão assim. “A região já está a rebentar pelas costuras com 10 ou 12% de ocupação de estufas. Se essa ocupação for triplicada até aos 40% onde é que a região vai parar? Como é que a região suporta?”, conclui.
O outro ponto de discórdia está na criação de alojamento temporário, em contentores, dentro das explorações agrícolas. Sara Serrão diz que essa não é a solução para diminuir o problema do crescimento de imigrantes na região. “A região não comporta mais gente sem o reforço dos serviços públicos e infra-estruturas. Os contentores também não resolvem as falhas e os problemas existentes”.
Já esta terça-feira, a ministra da Agricultura foi ouvida no Parlamento, na audição sobre o Orçamento do Estado. Confrontada pelo Bloco de Esquerda sobre a situação nas regiões de Odemira e Aljezur, Maria do Céu Albuquerque voltou a justificar as medidas inscritas na Resolução de Conselho de Ministros. “Há efetivamente um problema no Perímetro de Rega do Mira. Não escondemos e não colocamos a cabeça na areia. Não quisemos criar residências efetivas de imigrantes. O que fizemos foi criar condições para num modelo de transição podermos garantir a mão de obra para explorações. E com isso as autarquias, em parceria com os ministérios, encontrem forma de integrar estas pessoas. Repito também que as estufas não continuam a crescer. Esta resolução de conselho de ministros diminui a área.”, respondeu a ministra.