09 jan, 2020 - 14:41 • Pedro Caeiro com Vasco Gandra e Manuela Pires
A União Europeia quer fazer ouvir sua voz pelo diálogo na atual crise do Médio Oriente, e tenta contribuir para baixar a tensão entre as partes. Daí o apelo da presidente da Comissão Europeia: “A crise actual afecta profundamente não só a região, mas todos nós, e o uso de armas deve parar agora para dar espaço ao diálogo. Exortamos todas as partes para fazerem todos os possíveis para retomar as conversações. A União Europeia, à sua própria maneira, tem muito para oferecer”.
Ursula von der Leyen diz que a União Europeia tem relações estabelecidas e comprovadas pelo tempo com muitos actores na região e pode ajudar a travar a escalada.
Na sua reunião semanal, ontem de manhã, os comissários discutiram a atual crise e as consequências para a União Europeia nas diferentes áreas - dos transportes à energia, das migrações à relação com os países vizinhos mais afetados pela tensão no Médio Oriente.
Para os europeus, é igualmente fundamental salvar o Acordo sobre o Programa Nuclear iraniano. Acordo do qual os Estados Unidos se retiraram. Por seu turno, o Irão anunciou há dias que deixará de cumprir as limitações impostas pelo Acordo. O alto representante para a Política Externa da União Europeia convidou o chefe da diplomacia iraniana para uma reunião justamente para tratar deste assunto.
O alto representante também convocou para amanhã uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros. Os 28 vão discutir como podem reforçar o peso da União Europeia e ajudar na estabilização do Médio Oriente, uma região onde outras potências estão mais ativas. Josep Borrell sublinha que “os recentes desenvolvimentos são extremamente preocupantes” e apontou que “os últimos ataques [da passada madrugada] contra bases no Iraque usados pelos Estados Unidos e por forças da coligação [contra o autodenominado Estado Islâmico], entre as quais forças europeias, é mais um exemplo da escalada e confrontação crescente.”
Portugal: prioridades para a Presidência
Pela quarta vez desde a adesão em 1986, Portugal vai assumir a presidência da União Europeia. É já no próximo ano, no primeiro semestre.
Esta semana, no Seminário Diplomático em Lisboa, o Ministro dos Negócios Estrangeiros apresentou já algumas das prioridades de Portugal para esta presidência. O esboço do programa já está concluído e envolve a Alemanha, Portugal e a Eslovénia, que são o país que antecede e o que sucede a Portugal na presidência da União Europeia.
O chefe da diplomacia portuguesa define desde já 4 prioridades que, na opinião de Augusto Santos Silva, acabam por ser apenas uma: apostar nas características próprias da Europa, na economia social de mercado e no modelo social europeu.
Perante uma plateia de diplomatas, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que só podemos avançar com a transição digital, energética e com o combate às alterações climáticas se esse trabalho for feito com os europeus.
Augusto Santos Silva quer ainda marcar a presidência portuguesa com uma aposta clara nos direitos sociais. Diz ser preciso investir na qualificação, na inovação e na protecção social.
Santos Silva diz que este é um ano de preparação, mas também um ano com uma agenda europeia densa e complexa. Santos Silva referiu o Quadro Financeiro Plurianual que ainda está em aberto, o reforço da União Económica e Monetária, o novo Pacto Ecológico Europeu, o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, a Transição Digital, além das negociações europeias com os EUA e com a China. E ainda há o Brexit (ou o pós-Brexit) que vai também trazer novas oportunidades, afirma.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus