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Ambientalista diz que deslocalização de aldeias no Mondego não pode ser “assunto tabu”

26 dez, 2019 - 18:56 • Pedro Mesquita , com redação

Francisco Ferreira, da Zero, está de acordo com o ministro do Ambiente, que admitiu a possibilidade na sequência das cheias da última semana.

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Os ambientalistas da Zero estão de acordo com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes: a eventual deslocalização de aldeias no Baixo Mondego não pode ser um “assunto tabu”.

Em entrevista à Renascença, Francisco Ferreira, da Zero, argumenta que a análise tem que ser feita em nome da segurança das pessoas, porque os fenómenos extremos, como as cheias da semana passada, vão ser cada vez mais frequentes.

“O ministro do Ambiente tem razão em levantar a questão e dizer que essa é uma das hipóteses. No momento em que nós dissermos que esta é uma discussão impossível, acho que estamos a comprometer o futuro”, diz Francisco Ferreira.

Acima de tudo, sublinha, “o que precisamos é de perceber quais são as melhores soluções para reduzir o risco de quem pode ter a sua vida ameaçada face a eventos meteorológicos extremos, como as cheias que, infelizmente, serão mais frequentes e mais dramáticos”.

Para Francisco Ferreira, a eventual relocalização de aldeias ou habitações devido às alterações climáticas deve ser “avaliada, caso a caso, no que respeita aos riscos das populações em causa”.

“Estamos a falar para o caso das cheias, para o caso do litoral com uma ondulação crescente face a eventos meteorológicos extremos no Atlântico, com a subida do nível do mar. A adaptação às alterações climáticas passa por equacionar do ponto de vista dos riscos, custos, benefícios, daquilo que é viável, ponderando questões económicas e sociais, o que é que devemos fazer e numa ótica de prevenção”, defende o ambientalista.

O ministro do Ambiente “tem razão em levantar a questão, pô-la à discussão e dizer que essa é uma das hipóteses”, defende Francisco Ferreira.

“Não podemos esconder a cabeça debaixo da areia e não discutir estes assuntos ou dizer que é impossível, porque mais cedo ou mais tarde, seja numa zona ribeirinha, numa zona sujeita a fortes cheias ou a deslizamentos de terras, não podemos ficar indiferentes a dizer que temos de manter no futuro determinadas aldeias ou habitações num local onde, provavelmente, nunca deveríamos ter construído”, sublinha o responsável da Zero.

O ministro do Ambiente admitiu, esta semana, que as povoações junto ao rio Mondego tenham de se adaptar e talvez mesmo mudar de lugar.

Em declarações ao Jornal 2, da RTP, Matos Fernandes disse mesmo que terão de mudar de lugar: “Aquelas aldeias sabem que estão numa zona de risco, num rio que sempre teve cheias. Apesar de ter pouca água, é um rio que engana muito.”

Diques rebentados, centenas de casas evacuadas. As cheias em Montemor vistas por um drone
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