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Casa Comum - Os "problemas graves" que o novo Governo vai ter e o adeus de Juncker a Bruxelas - 23/10/2019

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"Um Governo com 70 membros é inaceitável"

23 out, 2019 • José Pedro Frazão Redacção com Pedro Caeiro


No Casa Comum desta semana, Paulo Rangel e Francisco Assis debatem o novo Governo de António Costa que toma posse este fim-de-semana, as eleições no PSD e também a despedida de Jean-Claude Juncker da presidência da Comissão Europeia.

"Há um ponto que tem de ser muito criticado, que é o tamanho do Governo." É o que defende o social-democrata Paulo Rangel face ao número "inaceitável" de ministros e secretários de Estado apresentados por António Costa ao Presidente da República.

"Um Governo com 70 membros é inaceitável", defende o eurodeputado do PSD neste episódio do "Casa Comum" da Renascença. "Se chegar a Espanha há 13 ou 14 ministros num país com 44 milhões de pessoas, penso que isso é perfeitamente razoável." Por oposição, este executivo que agora se prepara para tomar posse "é essencialmente fraco e, para além de fraco, é gordo", acrescenta Rangel.

A par disso, "há uma grande confusão de competências" na reformulação de pastas e na criação de novas, defende o social-democrata, apoiado em exemplos do passado. "Sinceramente, para quem falou de um Governo de combate, este é mais um Governo de quem está instalado na máquina pública. Devia haver um organigrama de Governo para dez anos, para dar estabilidade aos departamentos do Estado."

O socialista Francisco Assis não discorda, embora opte por dar o benefício da dúvida ao novo executivo, sobretudo à maioria dos secretários de Estado, por não os conhecer.

Sobre a dimensão do Governo, Assis começa por defender que não quer fazer desta uma "questão central" mas que a verdade é que também ficou "surpreendido", até porque, sublinha, "um Governo muito numeroso não é certamente um bom sinal para este momento da vida do país".

"É, de facto, um Governo numeroso, o que, se não é um mau sinal, também não é um bom sinal. Aparentemente, há aqui alguma confusão que resulta, em grande parte, da dimensão do Governo."

Contudo, e apesar da "dimensão aparentemente excessiva" do executivo, Assis diz que prefere esperar para ver. "Depende muito do que vai acontecer. Até pode ser que resulte muito bem. Tudo depende agora de uma questão muito simples que é a capacidade de ação do Governo."

Eleições no PSD

Para Rangel, as diretas que se aproximam, em que os social-democratas vão escolher se mantêm Rui Rio na liderança ou não, vai haver "um debate verdadeiramente ideológico sobre a vocação do partido".

Nesse contexto, e "para sair vitorioso, o PSD tem mesmo de se abrir ao centro esquerda, não alienando a direita", defende o eurodeputado.

Que herança deixa Juncker?

Juncker de saída fez o seu discurso de balanço, despediu-se dos eurodeputados, diz que a grande vitória do seu mandato foi “manter a paz”. Quando se recordar este mandato, o que vai ficar?

Cinco anos depois, afirma Paulo Rangel, fica uma matriz “claramente europeia, pró-europeia e contra uma deriva nacionalista e populista, em que apostou muito no Plano Juncker para dinamizar a economia e romper com o que vinha do passado”. O plano “não foi um logro”, defende Rangel, que até acha que “pode continuar e com condições de sucesso”. A personalidade de Juncker atravessa toda a história da União Europeia desde o final dos anos 80 e sempre foi muito “à luxemburguesa”, sem medo de integração. “Ainda representa a Europa de Kohl e Miterrand”, afirma o eurodeputado do PSD.

Por seu lado, o socialista Francisco Assis também faz um balanço muito positivo do cargo de Juncker. “É um dos últimos grandes representantes da velha democracia-cristã europeia, que foi determinante na formação e consolidação do projecto europeu”. Em cinco anos foi “um profundo europeísta”, “preocupado com os nacionalismos populistas”, adoptando propostas concretas para combater esse crescimento, foi também um homem “muito atento à questão dos refugiados e dos imigrantes ilegais”.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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