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Cristianismo continua a perder peso nos Estados Unidos

17 out, 2019 - 15:00 • Filipe d'Avillez

A mais recente sondagem da Pew Research Forum revela uma subida continuada de pessoas que não se identificam com nenhuma religião.

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O Cristianismo continua a ser a maior religião dos Estados Unidos, mas continua a perder peso a um ritmo alarmante.

A mais recente sondagem da Pew Research Forum, lançada esta quinta-feira, revela que quase dois terços da população americana continuam a identificar-se como cristã, mas o número desceu 12 pontos percentuais no espaço de uma década.

Atualmente nos 65%, o número de cristãos americanos cifrava-se nos 78% em 2009, segundo o mesmo centro de sondagens e de estudos, um dos mais respeitados no mundo a tratar o fenómeno da identificação religiosa.

Em sentido inverso caminham os americanos que se identificam como ateus, agnósticos ou “nones”, o termo usado para descrever quem não se identifica com qualquer religião. No seu conjunto, este grupo representa já 26% da população total, com os “nones” a captar 17% das respostas. Os que se identificam mesmo como ateus continuam a ser poucos, 4% e os agnósticos 5%, embora ambas estas categorias tenham crescido desde 2009. Os “nones” subiram cinco pontos percentuais, de 12% para os já referidos 17%.

A perda de fiéis atingiu tanto a Igreja Católica como as protestantes. Os americanos que se identificam como protestantes desceram de 51% para 43% ao longo de uma década. Curiosamente, e não obstante a crise dos abusos sexuais que, aparentemente, estava a ser visto como um dos fatores que mais estava a fazer a Igreja Católica perder fiéis, o número de católicos desceu apenas três pontos percentuais, de 23% para 20%.

A tendência está a afetar também os números de frequência religiosa, com cada vez menos pessoas a dizer que vai a serviços religiosos pelo menos uma ou duas vezes por mês.

Talvez o mais alarmante para os líderes religiosos cristãos é que, embora continue a haver diferenças significativas entre diferentes grupos raciais e políticos, a descida generalizada de pessoas que se identificam como cristãs afeta todos estes grupos.

Afro-americanos e hispânicos, que tradicionalmente são mais cristãos, desceram respetivamente 11 e 10 pontos percentuais com os “nones” a subir 7 e 8 pontos percentuais. Entre os hispânicos o decréscimo tem afetado a Igreja Católica e hoje menos de metade dos inquiridos desta etnia identificam-se como católicos. Não obstante um aumento de protestantes hispânicos, a maioria transferiu-se para os não-afiliados, ou “nones”.

Ambos os grupos políticos, republicanos e democratas, perderam também cristãos e ganharam “nones”, embora os números sejam muito superiores entre os democratas. Enquanto que os que se identificam como republicanos e cristãos desceram 7 pontos percentuais, vendo os “nones” subir seis pontos, entre os democratas os números são 17 e 14 pontos percentuais respetivamente.

A situação já chegou ao ponto em que hoje menos de metade (49%) dos democratas brancos se identificam como cristãos, com 40% a identificar-se como nones e 1% de outras religiões. Contudo, uma maioria de afroamericanos e hispânicos, que tradicionalmente votam maioritariamente no Partido Democrata, continuam a identificar-se como cristãos.

Também existem importantes divisões entre homens e mulheres. A tendência para abandonar o cristianismo e abraçar o grupo dos que não se identificam como nada afeta muito mais homens do que mulheres.

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