26 set, 2019 - 11:04 • Redação
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Morreu esta quinta-feira, aos 86 anos, o antigo presidente de França, Jacques Chirac.
A notícia foi avançada pela Agence France Press e o seu genro disse à Reuters que morreu em paz, rodeado da família.
Jacques Chirac foi presidente de França durante 12 anos, entre 1995 e 2007. Antes, tinha sido primeiro-ministro por duas vezes, entre 1974 e 1976 e entre 1986 e 1988. Foi também presidente da Câmara de Paris e ministro da Agricultura e dos Assuntos Internos. Enquanto Presidente da República era também co-Príncipe de Andorra, juntamente com o bispo de Urgell.
Enquanto Presidente de França Chirac tornou-se conhecido por defender uma maior intervenção estatal na economia e no investimento, opondo-se assim à tendência liberal do Reino Unido, liderado por Margaret Thatcher.
Mais tarde foi uma das principais vozes que se opôs à invasão do Iraque, em 2003, pelos Estados Unidos, afirmando que "não se pode transportar a paz num carro blindado". A postura levou os seus críticos a recordar que em 1975 tinha sido responsável por fazer um acordo com o regime de Saddam Hussein para a venda ao Iraque de um reator nuclear. O reator em Osirak já tinha levado Israel a bombardear o local em 1981, alegando que a sua construção constituía uma ameaça grave à sua segurança interna, numa medida que foi criticada por França e pela ONU.
O seu percurso político levou-o do Partido Comunista, em que foi filiado antes de 1962 até á direita, levando-o a ser apelidado de "Camaleão Bonaparte". Chirac ficou ainda ligado à história de França por ter promovido um referendo para diminuir o tempo do mandato do Presidente de sete para cinco anos, em 2000, precisamente na altura em que cumpria o seu primeiro mandato. Foi vítima de uma tentativa de homicídio em 2002, às mãos de um atirador durante as celebrações do Dia da Bastilha, a 14 de julho. O homem que o tentou matar estava ligado à Unidade Radical, um grupo de extrema-direita.
Foi elogiado pelo seu papel no reconhecimento da perseguição dos judeus por parte do regime colaboracionista francês, durante a II Guerra Mundial, e depois de abandonar a política fundou a Fundação Chirac, que trabalha na área de prevenção de conflitos e promoção do acesso a recursos e saúde.
A sua carreira política não foi isenta de polémicas, e a 15 de dezembro de 2011 foi condenado em tribunal por desvio de dinheiro público e abuso de confiança, tendo recebido uma pena suspensa de dois anos. No mesmo ano publicou o segundo volume das suas memórias, em que criticou o seu sucessor, Sarkozy, como sendo desleal e ingrato.
Jacques Chirac casou em 1956 com Bernadette de Courcel, com quem teve dois filhos, Laurence e Claude Chirac.
Condolências internacionais e... anglófonas
Como costuma acontecer nesta situações, sucedem-se os votos de pesar de diferentes estados e estadistas, bem como de instituições.
Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, transmitindo à França as condolências pela morte do antigo chefe de Estado e primeiro-ministro Jacques Chirac.
"O Presidente da República enviou uma mensagem ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, transmitindo à França e aos franceses sentidas condolências pelo falecimento de Jacques Chirac (...)", refere o comunicado, divulgado na página da Presidência na Internet.
O seu sucessor na Presidência, Nicholas Sarkozy, não obstante a relação entre os dois ter azedado, também lamentou a morte de Chirca, dizendo: "é uma parte da minha vida que desaparece" e François Hollande disse que França perdia um estadista.
Segundo a nota, Chirac "foi sempre muito caloroso com as comunidades portuguesas em França, quer como 'maire' de Paris, quer como primeiro-ministro e Presidente da República Francesa".
A porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, apresentou condolências em nome da Comissão, mas está a ser criticada nas redes sociais, sobretudo por franceses, por tê-lo feito em inglês.