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Compra da Media Capital é “má notícia para o jornalismo”, diz investigadora

21 set, 2019 - 20:00 • Filipe d'Avillez

Elsa Costa e Silva, da Universidade do Minho, não acredita que a Cofina mantenha os lugares de todos os jornalistas e aponta o que considera ser fragilidades de um negócio consumado.

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A compra da Media Capital por parte da Cofina, que foi confirmada este sábado, é uma má notícia para o jornalismo de qualidade, diz Elsa Costa e Silva, investigadora em propriedade e concentração dos media na Universidade do Minho.

Para esta especialista o jornalismo será sempre o parente pobre de uma organização apostada nas receitas e no lucro, que só poderá obter apostando no entretenimento.

Elsa Costa e Silva desconfia das garantias dadas este sábado por Paulo Fernandes, presidente do Conselho de Administração da Cofina, de que o grupo pretende manter “todos os profissionais que estejam dispostos a colaborar neste novo projeto”.

“Uma das grandes vantagens e motivações para a concentração é precisamente a criação de sinergias e uma delas é de facto ter jornalistas a trabalhar para os vários órgãos do grupo. Eles não vão manter várias redações separadas. A tendência é para concentrar redações também, para diminuir os custos que têm com jornalistas. Sobretudo porque o jornalismo não dá dinheiro, o que estes grupos privados, comerciais, procuram, é lucro e receitas e o jornalismo de qualidade não dá dinheiro.”

“Portanto, o que eles vão privilegiar é o entretenimento; onde vão investir é no entretenimento, não vai ser obviamente no jornalismo de qualidade”, lamenta, em declarações à Renascença.

Mas esta não é a única razão para os jornalistas se preocuparem, diz a investigadora. “É problemático o facto de estes grupos estarem ancorados no setor televisivo, e da televisão tradicional, linear. Sabemos que o futuro da televisão também está a ser alterado, com estes novos serviços de streaming”, avisa.

“A médio prazo estes grupos que temos em Portugal, que estão muito ancorados na televisão, vão ter uma concorrência bastante significativa, que pode até pôr em causa a sua existência. Ora, isso são muito más notícias para o jornalismo, porque temos crescentemente o jornalismo ligado a esta forma de entretenimento, quando isto desaparecer o jornalismo vai por arrasto.”

Contudo, Elsa Costa e Silva não tem grandes dúvidas de que o negócio irá para a frente e que não merecerá qualquer reparo da parte da Entidade Reguladora da Comunicação nem da Autoridade da Concorrência. Assim sendo, o grupo Cofina torna-se “um grupo de media de maior diversificação em Portugal”.

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