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Novas Crónicas da Idade Mídia

​Marcelo: quanto valem as reparações históricas?

03 mai, 2024 - 14:47 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo

As últimas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, um mês de governo e a vitória de Villas-Boas são alguns dos temas das Novas Crónicas da Idade Mídia esta semana.

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“Costa é lento, porque é oriental”. E para que não restassem dúvidas, explicou que “os orientais são lentos”, não fossem os jornalistas estrangeiros com quem jantou em Lisboa não perceberem. Montenegro, esse, tem “comportamentos rurais”. Só lhe faltou dizer que era rural como o outro. Classificou a ação da Procuradora-Geral como “maquiavélica”. Revelou que cortou relações com o filho e que tem um neto preferido. E informou o mundo que Portugal deve “pagar os custos” dos crimes da era colonial, “incluindo os massacres”.

O que se passa com Rebelo de Sousa? Irrompeu o “Marcelo” que há dentro do Presidente, como disse José Miguel Júdice na SIC Notícias? É este o tempo para esta discussão na sociedade portuguesa? Vitalino Canas, no Público, coloca dezenas de questões que evidenciam a complexidade do tema e desaconselham um debate que não seja estruturado e substantivo.


Expender algumas opiniões num jantar não perece ser a forma mais sensata. A verdade é que o debate sobre a reparação histórica está lançado e vai alimentar a discussão no espaço público durante algum tempo, independentemente da forma como foi introduzido. Embora nenhum dos presidentes dos PALOP e de Timor tenham feito qualquer referência ao tema, durante os discursos feitos em Portugal nas comemorações dos 50 anos de Abril, entidades da sociedade civil brasileira manifestaram repúdio pelo silêncio de Portugal em relação ao passado esclavagista e a ausência de “reparação à população negra brasileira”, afirmando que “a expansão portuguesa é indissociável da escravatura”. São conclusões de várias organizações brasileiras, no âmbito do Fórum Permanente para Pessoas Afrodescendentes, criado pelas Nações Unidas em 2021, reunido há pouco mais de uma semana em Genebra, que o jornal Público puxou para a primeira página, na edição desta quinta-feira (2 de maio).

Com um mês de Governo cumprido, avultam os casos. Nos últimos dias, depois da demissão de Fernando Araújo, CEO do recém-criada Direção Executiva do SNS, em manifesta rota de colisão com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, foi agora a vez de Ana Jorge, Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, ser exonerada de forma “rude, sobranceira e caluniosa”, para usar a expressão da antiga ministra da Saúde de José Sócrates. No cargo há menos de um ano, o “despedimento” deixa no ar a pergunta: tratou-se de um saneamento político ou “apenas” do ciclo infernal da dança de lugares? Esperemos que as audições no Parlamento possam ser esclarecedoras.

Villas-Boas esmagou Pinto da Costa nas eleições para a presidência do FC do Porto. O resultado (80% contra 19%) castiga, com crueldade, aquele que é o dirigente desportivo mais titulado do Mundo e que deixa uma obra sem paralelo na história do clube. A afluência às urnas em números nunca alcançados em atos eleitorais do FCP - e, no Dragão, o regime é de um sócio, um voto - reflete de forma clara a vontade dos sócios em mudar, apesar do testemunho de gratidão que têm dispensado ao velho presidente. Significa também que, desta vez, os portistas puderam expressar-se sem constrangimentos de qualquer espécie, receio legítimo, depois dos incidentes de uma assembleia-geral tumultuada, para dizer o mínimo. O abraço, em público, entre Villas-Boas e Pinto da Costa quer dizer que o clube vai ter paz?

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, qual a noção de democracia de PC e Bloco de Esquerda para não se levantarem na homenagem feita a Ramalho Eanes, no Parlamento? Linda Lopes, dirigente sindical dos TSD, ex-deputada do PSD, passou a integrar o gabinete de Pacheco de Amorim, do Chega. É normal?
Na caminhada para a Casa Branca, o “tracking” de todas as sondagens, publicado regularmente pelo The Economist, volta a dar vantagem a Trump, apesar de estar a ser julgado por assédio sexual. É surpreendente. Será?


David Sanchez, irmão do chefe do governo de Castela, decidiu escapulir-se do Fisco espanhol e refugiar-se em Elvas, à sombra da nossa Autoridade Tributária. O que é que faz um castelhano refugiado em Elvas? Ainda por cima irmão de um declarado aficionado de António Costa.

Marcelo: quanto valem as reparações históricas?
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