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10 dias para a saída

Depois de sete horas de reunião, May anuncia que vai pedir nova extensão do Brexit

02 abr, 2019 - 18:12 • Joana Azevedo Viana , Tiago Palma

União Europeia ainda não reagiu à intenção da primeira-ministra, mas presidente do Conselho Europeu pede "paciência". Corbyn aceita negociar plano alternativo.

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A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou esta terça-feira que vai pedir a Bruxelas uma nova (e de novo "curta") extensão do prazo para o Reino Unido abandonar a União Europeia.

Depois de sete horas de reunião com os seus ministros – a convocação de eleições antecipadas terá mesmo estado sobre a mesa –, no rescaldo de nova ronda de alternativas chumbadas no Parlamento britânico na segunda-feira, May proferiu um curto discurso à porta do n.º 10 de Downing Street no qual anunciou a sua intenção de pedir à UE para adiar novamente o Brexit, atualmente com data marcada para o próximo dia 12 de abril.

No entanto, e para que este pedido venha a ser aceite – algo para que Bruxelas já alertou em diversas ocasiões –, lembrou Theresa May, “temos de saber para que serve”. Ou seja, se o novo adimento servirá para romper o bloqueio no Parlamento (que segundo a primeira-ministra "não pode continuar") ou não.

No mesmo comunicado à imprensa, a chefe do Governo indicou que quer reunir-se em privado com o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, para negociar um plano alternativo ao acordo que alcançou com Bruxelas e que já foi chumbado três vezes pelos deputados britânicos. Deste plano alternativo, reforçou, deverá sempre fazer parte o acordo de saída que a própria negociou.

Corbyn reagiria, dizendo-se “muito contente” por negociar com Theresa May.

"Vamos encontrar-nos com ela. Reconhecemos que ela deu um passo. Eu reconheço a minha responsabilidade de representar as pessoas que apoiaram o Partido Trabalhista nas últimas eleições e as pessoas que não apoiaram o Partido Trabalhista mas que, seja como for, querem certeza e segurança para o seu próprio futuro. E essa é a base segundo a qual nós vamos encontrar-nos com ela e teremos essas discussões", afirmou o líder trabalhista à Associated Press.

Caso os dois não chegem a qualquer acordo, Theresa May explicou que a Câmara dos Comuns deverá votar (como já o fez, sem sucesso) uma série de moções sobre a futura relação da Reino Unido com a UE.

E caso o adiamento venha a ser aceite por Bruxelas, nunca poderá estender-se (e May reforçou-o em Downing Street) para lá de 22 de maio, por forma a evitar que o Reino Unida venha a ter que participar nas eleições europeias.

A reação de Bruxelas não tardaria e, com uma boa dose de ironia à mistura – mas sem nunca rejeitar a hipótese de adiar a saída britânica –, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, escreveu no Twitter: "Mesmo que, depois de hoje, não saibamos qual será o resultado final, tenhamos paciência."

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  • Cidadao
    02 abr, 2019 Lisboa 20:26
    Deixaram-se enrolar pela conversa dos "brexiteiros" que os convenceram - e nem precisaram de muito esforço para isso, diga-se de passagem - que era possível "torcer o braço" à UE, e impor uma saída nos termos britânicos, que significava pura e simplesmente, manter todos os benefícios de estar na UE, e ter absoluto controle sobre a soberania própria, ou o que é o mesmo, ficar com o "bom" e rejeitar o "mau". Agora que a UE não foi na cantiga - e nem podia ir, senão todos quereriam fazer o mesmo - fizeram contas, vêm o que vão perder e andam a engendrar maneira de sair do atoleiro onde se meteram. E de caminho, esgotam a nossa paciência.

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