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São portugueses, especialistas em efeitos sonoros e ganharam um óscar

26 fev, 2019 - 07:00 • Pedro Mesquita com Redação e Lusa

"Free Solo" venceu o Óscar de Melhor Documentário, naquela que é a primeira vez que a National Geographic foi nomeada e acabou logo por vencer. Este documentário tem marca portuguesa: Joana Niza Braga e Nuno Bento estão entre os responsáveis pelos sons que se ouvem.

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Era madrugada em Portugal, quando "Free Solo" foi anunciado como vencedor do Óscar de Melhor Documentário. Pela primeira vez um documentário da National Geographic tinha sido nomeado e acabou logo por vencer.

Na produção de "Free Solo" há dois portugueses entre os responsáveis pelos sons do documentário. Joana Niza Braga e Nuno Bento estavam a trabalhar na pós-produção de um outro filme, enquanto decorria a cerimónia dos Óscares.

"Tinha a televisão a dar enquanto trabalhava, sem som, era só para ver. Estava atrasada e a dizer que tínhamos que despachar trabalho e, do nada, reparei que era a categoria de Melhor Documentário. Fomos a correr para a entrada da empresa, vimos e ficámos todos histéricos.", conta Joana à Renascença.

"Ainda estou um bocado 'abananada'", confessa.

Joana e Nuno foram responsáveis por parte dos efeitos sonoros do documentário, denominada 'foley'. Na prática, têm que gravar e editar sons que não ficaram bem percetíveis aquando da captura da imagem.

"O nosso papel é conseguir gravar o som que falta. Imagine que estamos a ver uma cena em que estão duas pessoas a entrar numa sala e não estamos a ouvir os passos, acaba por ser um pouco estranho", explica Joana.

Mas, afinal, como é que estes dois portugueses foram chamados para este projeto da National Geographic? Pelo meio, há uma história de amor.

"Há cerca de dois anos um grande amigo do meu patrão casou-se com uma portuguesa. Ele é um editor de som muito conceituado, que já tem Emmys", começa por contar Joana.

Numa visita aos estúdios portugueses, editor de som americano "e viu potencial na equipa de 'foley'". Primeiro, encomendou-lhes um pequeno projeto da Netflix. A experiência correu bem e seguiram-se mais trabalhos. "No meio estava lá o 'Free Solo' e, pelos vistos, também correu bem", remata Joana Niza Braga

"Free Solo", que se estreia a 17 de março no National Geographic, acompanha o alpinista norte-americano Alex Honnold numa escalada de 900 metros, sem cordas ou proteções, na parede de granito El Capitan, no Parque de Yosemite (Estados Unidos).

O português Nuno Bento já foi distinguido nos prémios norte-americanos Golden Reel, pelo trabalho de edição de som neste documentário.

Joana Niza Braga, "foley mixer" no filme, foi distinguida no fim-de-semana passado noutros prémios específicos para montagem de som: os norte-americanos Cinema Audio Society Awards.

No final da cerimónia dos Óscares, a realizadora do documentário, Elizabeth Chai Vasarhelyi, revelou que escolheu a Loudness Films para o trabalho de efeitos sonoros, devido ao "talento maravilhoso" que descobriram em Portugal.

"O áudio é tão importante quanto a incrível fotografia que tivemos, é nisso que acreditamos", afirmou a cineasta à agência Lusa, nas entrevistas de bastidores com os vencedores dos Óscares.

Em "Free Solo", Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi acompanham o alpinista norte-americano Alex Honnold na escalada dos 900 metros de altura da parede de granito El Capitan, na Califórnia, sem quaisquer cordas ou proteções.

"É com o som que somos transportados para lá", disse Vasarhelyi. "Compreendemos isso e também tivemos um excelente misturador de produção que conseguiu pôr um microfone no Alex".

A cineasta falou das dificuldades de captar som numa situação tão arriscada e com pouco equipamento e a sua importância para o resultado final, sublinhando o impacto de registar "a forma como o Alexa respira" e "o som dos movimentos mais discretos".

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