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Eleições legislativas Espanha 2023

Em Espanha até os cães vão às urnas: "Mas o voto é secreto"

23 jul, 2023 - 14:41 • Tomás Anjinho Chagas (enviado da Renascença a Madrid)

Afluência ao início da tarde estava nos 50% num dos colégios eleitorais de Madrid. Homens, mulheres, crianças, idosos e até cães vão às urnas na capital espanhola. Reportagem no dia de ir a votos em Espanha.

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Eleições em velocidade cruzeiro, e até os cães vão às urnas. Reportagem de Tomás Anjinho Chagas
Eleições em velocidade cruzeiro, e até os cães vão às urnas. Reportagem de Tomás Anjinho Chagas

Em dia de eleições em Espanha, as secções de voto recebem todo o tipo de pessoas e até os animais são permitidos. No Ministério da Educação, em Madrid - que serve de colégio eleitoral no dia este domingo - vários cães foram "arrastados" pelos donos e farejaram as urnas.

"Até o cão vota", comenta um eleitor à entrada do edifício. E em quem vota? "Isso não sei, o voto é secreto", diz divertido à Renascença.

O ambiente descontraído e a manhã de eleições decorre sem incidentes durante um domingo em que os termómetros vão chegar aos 35 graus na capital de Espanha. Segundo o presidente da mesa deste colégio eleitoral, até ao início da tarde, perto de metade dos inscritos já tinham votado e o cenário era idêntico no resto do país.

A afluência às urnas é uma das maiores incógnitas destas eleições, que pela primeira vez decorrem num pico de verão coincidente com as férias de milhões de espanhóis. O momento fez disparar o número de pedidos para votar em correspondência, que deu origem a um recorde, com mais de 2.7 milhões de eleitores a exercer o direito ao voto por correio.

O processo é simples e não implica esperas: "Acabei de votar, não havia muita gente e é muito fácil", explica Helena Lídon à Renascença. "É só ires buscar o 'boletin', mostras a identificação e colocas na urna", sintetiza.

A opinião otimista, porém, não se estende à campanha que ocupou os últimos quinze dias: "Houve um aumento muito forte da violência entre os partidos. Dedicaram mais tempo a insultar-se uns aos outros do que a dizer o que querem", lamenta Helena Lídon.

Nem no dia de votar o "timing" das eleições deixou de ser um tema. À semelhança do que aconteceu durante a campanha, há quem olhe para a marcação do ato eleitoral para julho como uma forma intencional de dificultar o exercício do direito ao voto.

"É uma falta de respeito pelas pessoas no geral, não acho que seja lógico", atira José Luís Bravo, já no exterior do edifício depois de ter votado. "É uma maneira de tentar baixar a participação, mas acho que [o governo] não vai conseguir". Este eleitor apresenta alternativa: "Deviam ser em setembro", desabafa à Renascença.

No interior do colégio eleitoral, além dos voluntários que estão nas mesas de voto, há representantes de todos os partidos que ficam de olho no processo. Ao pescoço têm credenciais da força que representam: PSOE, PP, Vox e Sumar- nenhum abdica do direito a fiscalizar.

Estes estão de sentinela e guardam os votos, mas há quem guarde o edifício. À porta do ministério há polícia e membros da Guarda Civil espanhola, que levam metralhadoras a tira colo. Permanecem serenos, porém atentos: não tiram o dedo do gatilho enquanto olham para quem passa na avenida.

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