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Bispo de Pemba denuncia nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado. "Não podemos ficar sem fazer nada"

22 fev, 2024 - 10:45 • Henrique Cunha , Olímpia Mairos

D. António Juliasse alerta para a chegada da fome, sede e doenças, advertindo, no entanto, que “o risco maior é de serem rostos esquecidos em função de outras guerras do mundo”.

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O bispo de Pemba, D. António Juliasse, reforça o alerta à Comunidade Internacional e denuncia nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado, Moçambique.

Numa mensagem enviada à Fundação AIS, em Lisboa, o prelado reforça o relato dramático que já tinha feito em entrevista à Renascença e descreve uma multidão em fuga desesperada para tentar evitar a morte às mãos dos terroristas islâmicos.

D. António Juliasse revela que, nos últimos dias foram visadas cerca de uma dezena de aldeias, onde todas as capelas cristãs “foram destruídas”.

“A violência perpetrada neste distrito nas duas últimas semanas foi de tal forma que cerca de uma dezena de aldeias, algumas muito populosas, foram visadas, com destruição de habitações e instituições”, denuncia.

Nessas aldeias, todas as capelas cristãs foram destruídas. O ponto mais alto até agora foi o ataque feito a Mazeze, o posto administrativo do distrito de Chiúre, com a destruição de tantas infraestruturas públicas e sociais do governo também ficaram destruídas assim como a nossa Missão, que dava muito apoio social ao povo da região”, acrescenta.

O bispo de Pemba volta também a lembrar o risco de Cabo Delgado ser esquecido por causa de outros conflitos e alerta para o drama da fuga das populações; muitas delas à procura de refúgio já na província de Nampula.

“São tantos os rostos em êxodo, atónitos tristes, com um sorriso de desespero. Carregam alguma trouxa na cabeça ou na única de 50 familiares. É tudo o que agora lhes resta”

Não podemos ficar sem fazer nada

Na visão do prelado, “não tarda que chegue a fome, a sede e as doenças” a Cabo Delgado, advertindo, no entanto, que “o risco maior é de serem rostos esquecidos em função de outras guerras do mundo”.

“Definitivamente não podemos ficar sem fazer nada”, observa.

D. António Juliasse diz que a diocese pediu para que os missionários dos locais atacados - também eles, neste momento, deslocados -, e os que se encontram nos locais de acolhimento, para acompanharem as populações em fuga e auxiliar nas suas necessidades, mas reconhece que a Igreja pouco poderá fazer, sem a ajuda do mundo.

“Sem a generosidade e a partilha de todos não podemos ser úteis”, assinala.

Nesta mensagem enviada à Fundação AIS, D. António Juliasse agradece também ao Papa Francisco a proximidade demonstrada, considerando-a “um balsamo e conforto” para as populações em sofrimento.

“Aproveito para agradecer profundamente a proximidade do Papa Francisco para com o povo de Moçambique e especialmente de Cabo Delgado, manifestada mais uma vez no Angelus de domingo passado. O seu pronunciamento foi, para nós, como um bálsamo, um alívio imediato, um afago e um conforto. Anuímos o seu convite de orarmos pelo fim das guerras no mundo inteiro”, diz D. António Juliasse.

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