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Holanda. Derrota trabalhista deverá tirar Dijsselbloem da presidência do Eurogrupo

16 mar, 2017 - 11:24

As eleições de quarta-feira mostraram que “os holandeses não querem enveredar por uma deriva antieuropeia”, diz o comentador Taborda da Gama. Negociações para a nova coligação devem começar em breve.

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Direita canta vitória sobre o populismo. Extrema-direita diz que também venceu
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O grande derrotado das eleições na Holanda foi o Partido Trabalhista (PvdA), a que pertence o até agora ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo. Ao não integrar o próximo Governo de coligação, Jeroen Dijsselbloem deverá deixar também a liderança do grupo dos 19 países da moeda única.

Na opinião do eurodeputado Francisco Assis, comentador da Manhã da Renascença, é “inevitável que [Dijsselbloem] perca a presidência do Eurogrupo. O seu partido deixa de contar para a formação do Governo”.

Se o PvdA caiu de 24,9% (2012) para 5,7%, os Verdes subiram de 2,3% dos votos (2012) para 8,9%, o que os coloca em posição de entrar nas negociações para o novo Governo.

Até agora, estão contados 385 dos 388 municípios e os resultados finais só deverão ser conhecidos no dia 21, terça-feira. O partido do actual primeiro-ministro, Mark Rutte, é o vencedor anunciado, com 33 assentos conquistados, mas sem maioria absoluta.

Muito em breve, Rutte deverá ser indicado para iniciar as negociações para constituir um Governo de coligação. Nas conversações devem ainda participar as forças do centro – Apelo Democrático Cristão (CDA) e Democracia D66 – que também subiram nas preferências dos eleitores.

O objectivo é obter uma maioria absoluta de 76 deputados.

Em segundo lugar na contagem está o partido de extrema-direita liderado por Geert Wilders, o Partido da Liberdade (PVV, na sigla holandesa).

“Preferia ser o partido mais votado, mas conquistámos lugares. Estamos orgulhosos”, disse aos jornalistas, no Parlamento.

Apesar de ser a segunda força votada, o PVV não deverá entrar nas negociações para o novo Governo.

Um alívio para a Europa

A Europa “pode respirar de alívio de alguma forma” com o resultado das eleições na Holanda, na quarta-feira, considera o eurodeputado Francisco Assis.

“A extrema-direita não cresceu tanto quanto se temia” – teve, aliás, um crescimento “muito pequeno, mesmo em circunstâncias que lhe pareciam muito favoráveis, com o Brexit, a eleição de Donald Trump, ambiente de eurocepticismo que se instalou pela Europa e a Holanda a enfrentar uma crise identitária”, comenta na Renascença.

“O que se passou na Holanda aponta para uma subida moderada da extrema-direita e uma descida não catastrófica da direita conservadora que está no poder. Há o eclipsar do Partido Socialista, mas também uma substituição por partidos com uma agenda pró-europeia, a começar pelos Verdes, que foi a sensação das eleições holandesas”, defende o outro comentador da Manhã da Renascença, João Taborda da Gama.

O professor de Direito considera que “essa agenda europeia e o discurso europeísta ter tido tantos votos é uma prova de que alguma lição se tirou, que os holandeses não querem enveredar por uma deriva antieuropeia”.

Resta agora saber qual o efeito que a polémica com a Turquia teve neste resultado. “Poderá ter parado a subida da extrema-direita e consolidado alguma da descida do partido do primeiro-ministro”, analisa Taborda da Gama.

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