02 dez, 2017 - 17:54
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Os candidatos à liderança do PSD Pedro Santana Lopes e Rui Rio estão de acordo: a candidatura de Mário Centeno à presidência do Eurogrupo "deve ser motivo de satisfação", mas também de preocupação com as consequências no funcionamento do Ministério das Finanças.
"Parece-me bem para Portugal. Sempre que um português se candidata a um cargo de relevo nas instâncias internacionais, isso deve ser motivo de satisfação. Neste caso há uma preocupação conexa que é o modo como irá funcionar o Ministério das Finanças", afirmou Santana Lopes.
Pedro Santana Lopes falava no Fundão, distrito de Castelo Branco, onde participou num encontro com jovens.
Questionado à chegada pelos jornalistas sobre a candidatura de Mário Centeno, o candidato à liderança do PSD defendeu que tal é possível "graças à boa imagem" e "aos bons resultados de Portugal", o que "decorre" não só do trabalho do actual Governo, como também do Governo anterior.
Ressalvando que o país "só tem a ganhar com o que vai acontecer", Pedro Santana Lopes também se mostrou preocupado com os reflexos que a eventual vitória de Mário Centeno pode trazer para o funcionamento do Ministério das Finanças, por eventual falta de tempo do governante para os assuntos exclusivamente portugueses.
"Depois do primeiro-ministro, julgo que deve ser o membro do Governo sempre com a agenda mais preenchida - este ou qualquer ou qualquer outro ministro das Finanças - e, por isso, ainda o Eurogrupo com certeza que é muitíssimo complicado", fundamentou.
Segundo considerou, caso Mário Centeno venha a exercer as funções de presidente do Eurogrupo também levará a "um comprometimento maior de Portugal com as posições de Bruxelas", o que "não será uma boa notícia para os parceiros de coligação do PS".
Já Rui Rio diz que, se Mário Centeno conseguir ser eleito líder do Eurogrupo, será uma "excelente notícia" e o mérito terá de ser repartido entre o anterior e o actual Governo.
"O mérito tem de ser repartido pelos dois governos. Tem de ser repartido pelo Governo anterior, por tudo aquilo que fez, e tem de ser repartido pelo Governo actual por tudo aquilo que também fez e, portanto, eu acho que para Portugal é uma excelente notícia", disse Rui Rio aos jornalistas, à margem de uma sessão com militantes do PSD em Fátima, distrito de Santarém.
Embora considerando que o cargo de líder do Eurogrupo não é "absolutamente determinante", Rio considerou que é um cargo "que pode ter alguma influência sobre aquilo que podem ser as políticas europeias".
"E, portanto, Portugal e os países do Sul ganham com isso e esperemos que os do Norte também ganhem por força de uma maior unidade europeia", argumentou.
Questionado sobre se entende que há o perigo da eventual eleição como líder do Eurogrupo poder levar Mário Centeno a descurar a função de ministro das Finanças, Rui Rio disse esperar que isso não aconteça.
"Todo o Governo português e em particular o dr. Mário Centeno, quando aceita um cargo desses, está consciente de que vai ocupar uma parte do seu tempo fora de Portugal, mas que tem o ministério das Finanças e toda a equipa das Finanças preparada para continuar a dar a resposta que está capaz de dar. Boa ou má, isso depois logo se vê, é a resposta que está capaz de dar", afirmou Rui Rio.
O ministro das Finanças português, Mário Centeno, é o candidato oficial dos socialistas europeus (PSE) ao cargo de presidente do Eurogrupo. A eleição para a presidência do fórum de ministros das Finanças da zona euro decorrerá na próxima segunda-feira, em Bruxelas. De acordo com o Conselho Europeu, a corrida à presidência do Eurogrupo terá outros três candidatos: Pierre Gramegna (Luxemburgo), Peter Kazimir (Eslováquia) e Dana Reizniece-Ozola (Letónia).