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Abolição de portagens nas ex-Scut divide deputados do PSD. Direção da bancada impõe disciplina de voto

02 mai, 2024 - 14:44 • Susana Madureira Martins

Deputados do PSD do interior ponderam apresentar declaração de voto dando sinal de apoio à eliminação de portagens. O líder parlamentar, Hugo Soares, não dá liberdade de voto e avisa que o partido nunca defendeu a abolição.

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Os deputados do PSD vão ter disciplina de voto na votação desta quinta-feira dos projetos do PS e do Chega que propõem a abolição das portagens nas antigas SCUT. O anúncio foi feito pelo líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, no final da reunião da bancada.

A direção da bancada argumenta que o PSD nunca defendeu a eliminação imediata das portagens e que o projeto de lei da AD que irá a votos no debate prevê a redução de 50% e que a abolição significa uma despesa na ordem dos 200 milhões de euros.

Esta questão ocupou grande parte da reunião da bancada social-democrata, que decorreu esta manhã à porta fechada. Ao que a Renascença apurou, vários deputados eleitos pelos círculos do interior do país fizeram notar o desconforto por terem de votar contra os projetos do PS e do Chega.

A preocupação destes deputados centra-se em como é que vão explicar aos eleitores das respecivas regiões por onde são eleitos e que são afetados pelas portagens nas ex-SCUT que votam contra projetos que beneficiam essas zonas.

Entre esses deputados estão Alberto Machado, líder da concelhia do Porto, ou Liliana Reis, deputada eleita pelo círculo de Castelo Branco. Esta última terá, de resto, feito um apelo ao líder da bancada do PSD, Hugo Soares para que a deixasse faltar à votação, argumentando ter dificuldades em explicar no seu círculo eleitoral que votou contra.

Haverá mesmo deputados do PSD que pretendem apresentar uma declaração de voto na altura em que os projetos do PS, do Chega e também da AD forem votados. O líder parlamentar terá avisado na reunião da bancada para o ruído que um anúncio destes em plenário pode causar perante as restantes bancadas.

Na reunião, Hugo Soares terá apelado ao "bom senso" destes deputados de proteger todo o grupo parlamentar numa questão sensível, puxando da sua própria condição de ter sido eleito pelo círculo de Braga e conhecer bem as regiões afetadas pelos preços das portagens. Mas alertou ao mesmo tempo que é preciso ter "consciência" das necessidades do país como um "todo".

O líder parlamentar do PSD, em declarações aos jornalistas, reconheceu que há deputados que gostariam que as portagens fossem abolidas - "não tenho dúvidas" -, mas ressalvou que os mesmos deputados "percebem a diferença entre a responsabilidade de quem quer baixar os preços das portagens, de quem quer governar apoiando outras áreas sociais do que aquilo que está a acontecer com PS e Chega que é a total irresponsabilidade".

A direção social-democrata alertou ainda os deputados que o Governo não pode ir "a reboque" do PS e que o Governo com um mês de existência não pode de imediato resolver o problema das portagens nas ex-SCUT. "Não é possível", alertou, acrescentando que "Tudo isto deve ser conjugado com as prioridades políticas e objetivos políticos".

Aos deputados, Hugo Soares terá ainda dito, segundo sabe a Renascença, que também já votou várias vezes discordando do teor dos projetos em causa, pedindo que a bancada tenha "noção do que é calçar estes sapatos" de líder parlamentar, avisando que isto é a Assembleia da República e "não é uma Assembleia de Freguesia ou uma Assembleia Municipal", avisando ainda sobre o "preço da opinião em cima de uma coisa destas".

Em declarações aos jornalistas, o líder parlamentar do PSD deixou duras críticas ao PS e a Pedro Nuno Santos que, enquanto ministro das Infraestruturas e com a tutela das autoestradas, nunca nos últimos oito anos propôs a abolição das portagens. É um "sinal de descontrolo" e de "irresponsabilidade", resumiu Hugo Soares.

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