03 mai, 2024 - 06:30 • Francisco Sarsfield Cabral
Na quarta-feira da semana passada o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez suspendeu a sua atividade e retirou-se cinco dias para pensar se devia ou não permanecer no cargo. O socialista Sánchez reagia assim à abertura se investigações judiciais à sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de denúncias veiculadas por uma organização de extrema-direita. Denúncias envolvendo um alegado tráfico de influências.
No dia seguinte, o ministério público (fiscalia) de Madrid informou que considerava sem fundamento a denúncia, pelo que iria pedir o arquivamento da queixa. Para o ministério público não haveria indícios de delito que justificassem a abertura de um procedimento penal.
Mas Pedro Sánchez não alterou o seu isolamento, mantendo-se silencioso sobre se iria ou não demitir. O seu partido, o PSOE, multiplicava, entretanto, iniciativas públicas, manifestações sobretudo, solicitando a Sánchez que não abandonasse a chefia do governo.
Finalmente, na manhã de segunda-feira, 29, Pedro Sánchez falou: não se demitiria. Foi mais um golpe de teatro, matéria em que Sánchez é perito, para estimular um clima de apoio às suas posições. Recorde-se que ele tem governado com o apoio dos independentistas da Catalunha e do País Basco, o que suscita forte oposição em Espanha.
Acontece que o apoio dos independentistas, que são contra a unidade de Espanha, é dado obtendo concessões. Chegou-se, assim, à situação algo absurda de o chefe do governo espanhol governar apoiado em quem rejeita Espanha.