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SIRESP. “A solução não é remendar, é reorganizar"

07 ago, 2017 - 12:30

Presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais confirma que o SIRESP, criado para “assegurar as comunicações entre forças de segurança e emergência”, não está a cumprir o objectivo.

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Seja Verão ou Inverno, “todas as situações onde o SIRESP foi utilizado não correram bem”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais à Renascença.

“Notou-se no Verão, porque foi usado mais vezes e aconteceu uma catástrofe em Pedrógão Grande”, destaca Fernando Curto, segundo o qual as anomalias no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança “notam-se em qualquer momento”.

“Na grande parte dos eventos onde há envolvência de várias entidades que utilizam o SIRESP ao mesmo tempo essas falhas têm-se notado”, refere. Incluindo, portanto, os casos de grandes eventos, como a visita do Papa.

“A vinda do Papa ou o incêndio de Pedrógão é exactamente a mesma coisa. Ou seja, na vinda do Papa, é implementada uma estrutura de socorro onde é utilizado o SIRESP pelos bombeiros, pela polícia, por todas as entidades. Seja o Papa, o Obama, o Trump, seja quem for que venha a Portugal. A questão que se coloca é que no SIRESP, as falhas que se notam são sempre regulares”, sublinha.

Fernando Curto confirma assim a notícia que se destaca esta segunda-feira no “Jornal de Notícias”, de acordo com a qual todos os anos o SIRESP sofre “apagões”.

Na sequência da tragédia de Pedrógão Grande foram tomadas algumas medidas e nota-se alguma melhoria nas comunicações, mas o problema não está resolvido.

“Há a introdução de redes móveis que vão aumentar toda a fluência do que tem a ver com a propagação das ondas que nos ajudam a falar. Nalguns momentos, a situação é melhor, mas isto não é solução. A solução não é remendar, é reorganizar a totalidade da rede com todos os agentes e entidades, para que eles não utilizem as suas próprias redes de comunicação, que é o que está a acontecer, infelizmente, nalguns casos”, defende o presidente da Associação Nacional de Bombeiros.

O SIRESP foi criado em 2003 como um “um sistema único de comunicações, baseado numa só infraestrutura de telecomunicações nacional, partilhado, que deve assegurar a satisfação das necessidades de comunicações das forças de segurança e emergência, satisfazendo a intercomunicação e a interoperabilidade entre as diversas forças e serviços e, em caso de emergência, permitir a centralização do comando e da coordenação”, refere a resolução do Conselho de Ministros.

No site oficial, lê-se que “Portugal passa a dispor de um instrumento decisivo ao nível do comando, controlo e coordenação de comunicações, aumentando exponencialmente a capacidade de resposta a todas as situações de emergência e segurança. É, por isso, um passo decisivo para o incremento dos níveis de confiança e bem-estar das populações”.

Facto é que, até hoje, as falhas têm sido regulares e terá sido uma delas que deu origem ao elevado número de mortos durante os incêndios de Junho, em Pedrógão Grande.

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  • Filipe
    07 ago, 2017 évora 13:39
    O SIRESP ofereceu muitas casas de praia , casas de campo e veículos de luxo , pagou parque nações e inundou os bolsos dos ex políticos antes Costa ... Costa tentou renegociar mas foi tarde . Cada legislatura aparece sempre com "obras" de grande calibre para dar a esmola aos que lhes seguem ... foi a Expo ... Euro ... Submarinos ... Escolas ... Siresp ... auto estradas ... um mundo de corrupção votada nas urnas pelo povo de x em x anos .
  • Victor
    07 ago, 2017 Lx 12:59
    O SIRESP foi comprado por €400M pelo Costa quando tinha toda a cobertura legal (TC) para anular o concurso/contrato. Este sistema está instalado nas antenas da TMN numa PPP feita com o Bava/Granadeiro, o custo real do sistema será quanto muito 5% dos €400M gastos; depois mais as rendas anuais da PPP. NÃO está concebido para emergências e faz menos do que um telemóvel de €30. Um sistema para emergências teria que ter uma arquitectura completamente diferente deste, baseado em ligações via rádio e separado dos sistemas dos operadores de telefonia móvel. Só à luz de interesses se consegue entender a compra e a continuidade dos gastos com esta situação.

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