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SIRESP também falhou durante a visita do Papa. E todos os anos é a mesma coisa

07 ago, 2017 - 06:54

Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança custou 500 milhões de euros e está debaixo de fogo desde os incêndios de Pedrógão Grande, onde morreram 64 pessoas.

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Todos os anos, a rede de comunicações SIRESP, usada pelas forças de segurança e pelos bombeiros, sofre “apagões”. E não acontecem apenas durante os incêndios.

O “Jornal de Notícias” avança nesta segunda-feira que o SIRESP não tem capacidade para aguentar tempestades e que quase todos os anos colapsa. Ainda assim, o Estado nunca terá exigido o pagamento de penalidades à empresa que opera a rede.

O jornal baseia-se em mais de uma dezena de relatórios de desempenho, a que teve acesso, relativos ao período entre 2010 e 2017. Há falhas sistemáticas quer nas tempestades quer nos incêndios.

Mas há também registo de dificuldades nas comunicações na cimeira da NATO e na visita do Papa Bento XVI, em 2010.

Cortes de energia, falhas em baterias, ausência de geradores de reserva, cabos ardidos ou destruídos, antenas móveis e fixas. As falhas são variadas.

Durante a tempestade “Stephanie”, em Fevereiro de 2014, 65 estações base (ou seja, 13% da rede) estiveram em baixo. As baterias ter-se-ão esgotado. E, segundo o JN, já em 2013 tinha acontecido o mesmo.

Em 2015, a secretária-geral do Ministério da Administração Interna lançou um projecto piloto com geradores, mas correu mal porque as estações base não estavam preparadas para os geradores.

Além disso, conta o jornal, as antenas móveis – poucas vezes chamadas nos últimos anos – também não aguentam quando as solicitações são muitas.

Em Junho, o grande incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande e afectou vários concelhos de três distritos e matou 64 pessoas, 47 das quais morreram na estrada nacional para onde foram encaminhadas pelas autoridades.

Os dados conhecidos indicam que o SIRESP falhou durante 17 horas e que terá sido por falta de informações que os automobilistas terão sido encaminhados para aquela estrada.

Da água ao fogo. Porque não fechou a N236-1, a "estrada da morte"
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A investigação prossegue.

Todos os anos, o Estado gasta por ano 40 milhões de euros com o SIRESP. O número foi avançado pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, no Parlamento.

Constança Urbano de Sousa considera, contudo, que o SIRESP é um "sistema de comunicações seguro", não só para os agentes da protecção civil, como para os polícias, "não apenas para situações de emergência" mas "para o dia-a-dia".

Este ano, os incêndios florestais já consumiram mais de 128 mil hectares – a maior área ardida no mesmo período na última década e quase cinco vezes mais do que a média anual dos últimos dez anos.

Só no distrito de Leiria, o mais afectado pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, arderam 20.072 hectares de espaços florestais (cerca de 98,6% da área ardida no distrito).

Responsabilização vs renegociação

O “Jornal de Notícias” falou com Miguel Macedo, o anterior ministro da Administração Interna agora arguido no caso dos “vistos Gold”, que diz ter pedido uma auditoria externa à KPMG face às falhas detectadas no SIRESP.

Perante as conclusões, acrescenta, havia dois caminhos: aplicar as penalidades previstas ou renegociar o contrato. Optou-se pela renegociação, o que diminuiu a factura das despesas com o SIRESP em 25 milhões.

O SIRESTP, criado para situações de emergência, custou cerca de 500 milhões de euros.

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  • Vasco
    07 ago, 2017 22:55
    Isto muito simplesmente vem demonstrar como o país anda à deriva de há 43 anos para cá, não fosse a almofada da Europa e isto estaria pior do que antes, fazem-se negócios sem ter em conta a defesa do Estado dos mesmos divide-se uma fatia por amigos (empresas e políticos) e o resultado é o povo pagar infinitamente para resultados como este, melhor seria menos quezília política e mais defesa dos interesses nacionais coisa que parece ter desaparecido da mentalidade lusa.
  • Helena Coelho
    07 ago, 2017 porto 12:05
    Infeliz constatação! Provavelmente foi devido a essa falha do tão famoso sistema que em 2013 morreram oito bombeiros e, segundo o inquérito pedido pelo governo, foi apontada como falha humana e "culpados" os bombeiros porque negligenciaram a forma de atuação... O bom senso manda que se avaliem bem todas as situações para que seja corrigidas algumas injustiças!
  • Orfeu
    07 ago, 2017 11:51
    40 milhões por ano para quê??? É uma das muitas PPP que já deveriam ter ido embora!
  • rosinda
    07 ago, 2017 palmela 11:22
    Pois! Aconte e que o papa nao morreu!
  • 07 ago, 2017 aldeia 11:06
    E assim se vão gastando MILHÔES que tanta falta fazem ao país.Mas é preciso .....para assegurar certos TACHOS!.....
  • Maria Manuela Nunes
    07 ago, 2017 Queluz 10:46
    Não se percebe o porquê de ainda termos o SIRESP. Se passa o tempo a falhar e nem se lhe lhe pedem contas alguém está conluiado com eles. Parece que o PM está na jogada desde o princípio.
  • Americo
    07 ago, 2017 Leiria 10:15
    Ah grande Costa. Temos aquilo que merecemos.
  • Victor
    07 ago, 2017 Lx 09:36
    O SIRESP foi comprado por €400M pelo Costa quando tinha toda a cobertura legal para anular o concurso/contrato. Este sistema está instalado nas antenas da TMN numa PPP feita com o Bava/Granadeiro, o custo real do sistema terá quanto muito 5% dos €400M gastos; depois mais as rendas anuais da PPP. NÃO está concebido para emergências e faz menos do que um telemóvel de €30. Um sistema para emergências teria que ter uma arquitectura completamente diferente deste baseado em ligações via rádio e separado dos sistemas dos operadores de telefonia móvel. Só à luz de interesses se consegue entender a compra e a continuidade dos gastos com esta situação.
  • desatina carreira
    07 ago, 2017 queluz 09:20
    falhou tb durante as invasões francesas esse sistema e pessimo
  • AMS
    07 ago, 2017 Castelo Branco 09:16
    O SIRESP é bem o retrato dos políticos e consequentemente da política que tem sido feita em Portugal. MÁ gestação dos dinheiros públicos, contratos ruinosos para o país, negociatas e mais negociatas onde no final das contas apenas os intervenientes saem beneficiadas. E o pior é que NUNCA ninguém é responsável pela gestão danosa. Todos se acobertam porque todos têm o rabo preso. Até quando este calvário de governações onde ninguém sabe e muitos nem conseguem imaginar, como são gastos sucessivamente milhões e milhões que já somam na dívida portuguesa 250 mil milhões!!! Este valor dava para construir daria para construir tantas e tantas empresas que Portugal teria de importar mão de obra para conseguir colmatar as necessidades.

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