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Ministro: responsabilidade pela segurança em Tancos é "operacional" e não política

07 jul, 2017 - 16:16

Ouvido na Comissão Parlamentar de Defesa, Azeredo Lopes nega qualquer responsabilidade política no furto de material de guerra da base de Tancos e diz que nunca desvalorizou a gravidade do caso.

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Ministro diz que não tinha qualquer indicação de “situação grave ou urgente” em Tancos
Ministro diz que não tinha qualquer indicação de “situação grave ou urgente” em Tancos

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, recusa qualquer responsabilidade política do furto de armamento de guerra guardado na base militar de Tancos, na semana passada. Para Azeredo Lopes, "a segurança dos paióis é do domínio administrativo e de gestão. É tipicamente uma questão que cabe aos ramos".

Ouvido na comissão parlamentar de Defesa, o ministro começou por esclarecer o que considerou serem equívocos que têm inquinado o debate público sobre este assunto.

Em primeiro lugar, Azeredo Lopes disse haver uma confusão entre as responsabilidades políticas e operacionais da defesa nacional. "Existe uma distinção clara entre as questões que cabem à política da defesa nacional e as que, em princípio, entram no domínio da direcção dos ramos das Forças Armadas. Estas competem aos chefes militares e, em certas circunstâncias, ao Estado-maior General das Forças Armadas, competindo ao ministro dirigir em termos estratégicos."

Segundo o ministro, "a segurança dos paióis é do domínio administrativo e de gestão. É tipicamente uma questão que cabe aos ramos. Dificilmente se encontra um assunto de cariz mais operacional."

Cumprir "longe dos holofotes"

A responsabilidade política exprime-se, segundo o ministro, num conjunto de deveres que foram cumpridos.

"Adoptei as medidas necessárias e adequadas para apoiar e promover o apuramento cabal de todos os factos. Assim, os relatórios que vão ser entregues e que já me foram preliminarmente entregues pelos ramos, como determinei em dois despachos, permitirão uma radiografia tão exacta e exigente quanto possível das condições de segurança nos locais de armazenamento militar. Essa é a forma como se exprime a responsabilidade política do ministro da Defesa Nacional", argumentou.

"Além disso, a minha responsabilidade política passa por, com a devida serenidade, procurando a certa altura afastar-me dos holofotes, promover que seja averiguado tudo e pedir informação para, envolvendo-se os ramos, corrigir o que for necessário corrigir e melhorar o que for necessário melhorar, para evitar que isto volte a acontecer, mas também para promover a estabilidade nos ramos militares", acrescentou.

Azeredo Lopes garantiu ser falso que tenha tido qualquer conhecimento da degradação das condições de segurança. "Eu não tinha nenhum relatório, informação, pedido, chamada de atenção que identificasse uma situação grave ou urgente neste ou noutros paióis."

O ministro garante que nunca procurou desvalorizar a gravidade deste caso, citando várias das suas próprias declarações à imprensa nos dias seguintes ao incidente. E negou que a credibilidade de Portugal tivesse saído irremediavelmente afectada pelo caso, citando mensagens que recebeu de altas figuras da NATO que lhe garantiram que a "reputação de Portugal continua intacta".

PSD queria pedido de desculpas

Quem não aceitou as explicações foi o deputado Bruno Vitorino, do PSD, que disse que o ministro passou os seus 20 minutos iniciais na comissão parlamentar a dizer que não tinha nada a ver com o caso.

O deputado social-democrata disse que aquilo que se esperava do ministro era que chegasse à comissão e pedisse desculpa pelo que tinha acontecido e que, de seguida, dissesse que tudo estava a ser feito para que não se repetisse e para deter os culpados.

Vitorino perguntou ao ministro se as falhas de segurança podiam ser imputáveis ao desinvestimento na segurança, levando Azeredo Lopes a acusá-lo de "despautério" por ter invocado o argumento da falta de meios e efectivos como explicação para um incidente desta natureza.

"Em nenhuma circunstância se pode justificar a falta de segurança de material militar com a falta de efectivos", disse Azeredo Lopes, acrescentando que isso equivalia a um insulto às Forças Armadas.

Respondendo ainda ao PSD, o ministro da Defesa disse que não negociava com o chefe de Estado-maior das Forças Armadas e que, tendo sido informado sobre a "exoneração temporária" de cinco comandantes na sequência do furto em Tancos, reconhece o direito de o fazer.

Pior incidente da história militar recente em Portugal

O furto de material de guerra da base de Tancos foi detectado na quinta-feira e segundo as Forças Armadas terá ocorrido na quarta-feira anterior.

De dentro de dois paiolins foram furtadas milhares de munições, dezenas de lança-granadas, mais de uma centena de granadas ofensivas e ainda alguns engenhos explosivos.

Segundo o ministro da Defesa, o roubo tem características de ter sido levado a cabo por profissionais. Azeredo Lopes disse que os parceiros da NATO foram de imediato informados sobre o ocorrido e receberam uma listagem do que tinha desaparecido dos paióis.

Esta quinta-feira, o chefe de Estado-maior do Exército, General Rovisco Duarte, prestou declarações sobre este caso na Comissão Parlamentar de Defesa, confessando-se “humilhado” com o que aconteceu e frisando que os erros só podem ser apontados ao comando da base militar, segundo o jornal “Público”.

O furto de material militar de Tancos segue-se a dois incidentes nos tempos recentes, incluindo o furto de armas da base de Comandos da Carregueira e de pistolas da PSP, em Lisboa. É o pior incidente do género da história recente em Portugal.

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  • farçolas
    10 jul, 2017 lisboa 12:50
    Como dizem os americanos : Portugal cantinho de generais sentados!!
  • Carlos Pereira
    07 jul, 2017 Lisboa 18:47
    o zé portuga também xuxa... vai lá vai...
  • Aurélio
    07 jul, 2017 Feteiras 18:12
    "Atão" o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas "responde" a quem ? Se não é ao Ministro da Defesa, para que serve este ? Se houve uma denúncia antecipada da possibilidade de um assalto e este se terá "concretizado" porque depois disso, não se tratou da reparação da vedação (adiada para o próximo Orçamento de Estado) e reforço de meios humanos a responsabilidade não é - também - "política" ?
  • Zé de Portugal
    07 jul, 2017 Oeiras 18:04
    Olha ! Este quer demissões.... vai-te catar pá. Terás as mesmas demissões que o irrevogável te deu... Os que morreram nos hospitais por falta de assistência. Pelo BES que foi pelo cano e eu na Manta Rota... Vai-te catar...
  • Carlos Pereira
    07 jul, 2017 Lisboa 17:35
    dá dó... sabermos a quem estamos entregues. Jorge Coelho olha os boys que vegetam no teu partido.
  • rosinda
    07 jul, 2017 palmela 17:20
    19 feridos hospitalizados! E um fugido em espanha!
  • Astrolabio
    07 jul, 2017 capital 17:17
    O PSD queria ditar ao ministro o que o deveria dizer no entender do PSD. Que despaupério! São muita urros, estas caricaturas de deputados.
  • MENTIROSO !!!!
    07 jul, 2017 Lx 17:17
    Grande lata a deste kamarada...sempre a alijar responsabilidades este desgovernante. Demorar 33 dias a autorizar a reparação da vedação do paiol é responsabilidade de quem? Será da srª da limpeza? Um escroque mas os militares não perdoarão esta ausência de responsabilidade...
  • COSTA PANTOMINEIRO
    07 jul, 2017 Lx 17:04
    Lá vêm as verdades alternativas da propaganda socialista..:Uma vergonha.Este Ministro não tem autoridade para nada nem para comandar a banda de música da terra dele...Pobre coitado..Um inútil a tentar safar-se pelos pingos da chuva... E já agora onde pára o pantomineiro, o vendedor da banha da cobra chamado Costa? Ainda a banhos? Será que os comandos podem fazer um raide para ir buscar esse pantomineiro onde quer que se encontre? Agora começa a manobra de propaganda dos socialistas com as meias verdades e a habitual pantominice do vendedor da banha da cobra chamado Costa...Um habilidoso sempre pronto a transformar a realidade...
  • Antonio Almeida
    07 jul, 2017 V. N. de Gaia 16:57
    Pois se fosse um governo do P S D havia responsabilidade politica e pediam a cabeça do ministro.Como é um governo xuxalista não há responsabilidades nem demissões.

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