09 abr, 2017 - 10:20 • Filipe d'Avillez Imagem: Centro Televisivo do Vaticano
Jesus não era um profeta “new age”, mas sim o messias “bem definido”, presente nos mais fracos e nos “descartados”, disse este Domingo de Ramos o Papa Francisco, na homilia da missa a que presidiu em Roma.
Recordando a forma triunfante como Jesus foi acolhido em Jerusalém, apenas alguns dias antes de ser preso, torturado e morto, o Papa sublinhou que Cristo não era aquilo que alguns querem fazer dele, tanto naquele tempo como actualmente.
“Este Jesus, cuja entrada na Cidade Santa estava prevista precisamente assim nas Escrituras, não é um iludido que apregoa ilusões, um profeta ‘new age’, um vendedor de fumaça. Longe disso! É um Messias bem definido, com a fisionomia concreta do servo, o servo de Deus e do homem que caminha para a paixão; é o grande Padecente da dor humana”, disse Francisco.
“Assim, enquanto festejamos o nosso Rei, pensemos nos sofrimentos que Ele deverá padecer nesta Semana. Pensemos nas calúnias, nos ultrajes, nas ciladas, nas traições, no abandono, no julgamento iníquo, nas bastonadas, na flagelação, na coroa de espinhos... e, por fim, no caminho da cruz até à crucifixão.”
Os discípulos e outros seguidores de Jesus, entusiasmados pela sua chegada gloriosa a Jerusalém, foram apanhados desprevenidos pela perseguição que mais tarde viriam a sofrer. Mas Cristo “sempre avisou os seus amigos de que a sua estrada era aquela: a vitória final passaria através da paixão e da cruz”, diz o Papa.
“E, para nós, vale o mesmo. Para seguir fielmente a Jesus, peçamos a graça de o fazer não por palavras mas com as obras, e ter a paciência de suportar a nossa cruz: não a recusar nem jogar fora, mas, com os olhos fixos n’Ele, aceitá-la e carregá-la dia após dia.”
Jesus é assim um Messias que está presente no dia-a-dia, nomeadamente nos outros, sobretudo quem sofre, considera Francisco. “E este Jesus, que aceita ser aclamado, mesmo sabendo que O espera o ‘crucifica-o!’, não nos pede para O contemplarmos apenas nos quadros, nas fotografias, ou nos vídeos que circulam na rede. Não. Está presente em muitos dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim hoje, padecem tribulações como Ele: sofrem com um trabalho de escravos, sofrem com os dramas familiares, as doenças... Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa dos interesses que se movem por detrás das armas que não cessam de matar. Homens e mulheres enganados, violados na sua dignidade, descartados....”
“Jesus está neles, em cada um deles, e com aquele rosto desfigurado, com aquela voz rouca, pede para ser enxergado, reconhecido, amado”, concluiu o Papa.