Marcelo impressionado em Avões. "Uma coisa é estudar estas coisas, outra é ver"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se impressionado, esta quarta-feira, com o cenário e atmosfera com que se deparou em Avões, concelho de Lamego, local da explosão numa pirotecnia, que resultou na morte confirmada de seis pessoas. Outras duas estão ainda desaparecidas.

Marcelo esteve com os familiares de quase todas as vítimas da explosão, faltando apenas estar com a família de uma, que vive mais longe e com quem se ia encontrar de seguida. Mais do que o cenário de destruição, disse aos jornalistas que o impressionava a dor dos que perderam os seus familiares.

A situação das famílias é agravada “por este compasso de espera difícil", disse o Presidente da República. "São procedimentos demorados, percebo que custem, para que possam entrar no luto pleno. Isso demora o seu tempo."

O Presidente elogiou também o difícil trabalho das muitas instituições que se encontram a trabalhar no terreno para tentar identificar as vítimas já encontradas e descobrir os dois corpos que continuam desaparecidos.

“As pessoas têm de ter a noção que isto não se pode comparar com tragédias, como tem havido, em que não há explosivos nem dispersão causada pelos explosivos nem áreas tão amplas. Isso exigiu uma intervenção muito eficiente, que continua, que ainda por cima não se pode fazer à noite”, defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa esteve mesmo no local da explosão para ver como decorriam os trabalhos e admitiu que o cenário de destruição o marcou. “Uma coisa é estudar estas coisas, como fiz nas aulas de Medicina Legal, outra é ver”, confessou.

Debater as pirotecnias

Questionado sobre a necessidade de se legislar sobre as condições de segurança das pirotecnias, onde se têm sucedido incidentes mortais ao longo dos anos, Marcelo Rebelo de Sousa disse que era preciso um debate sério, mas não já.

“Sou professor de Direito e sei o que é fazer leis. Uma coisa é fazer e outra é aplicar, quando se trata de unidades fabris dispersas, pequenas, familiares, com condições diversas de funcionamento, de inspecção, de controlo. Infelizmente, tivemos outras situações trágicas como esta, mas vão-se retirando as lições para o futuro. Este não é o momento ainda de falar disso. Estamos muito na emoção da perda de pessoas e ainda com respostas a dar relativamente a duas pessoas ainda não localizadas”, concluiu.

O acidente na pirotecnia de Avões deu-se na terça-feira, pouco antes das 18h00. Uma sucessão de explosões destruiu por completo o complexo onde se encontravam oito pessoas.