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Líder do Movimento Ibérico Antinuclear espera mais firmeza do Governo português

04 fev, 2017 - 17:09 • Dina Soares , Joana Bourgard

Dezenas de activistas juntaram-se em Lisboa para protestar exigindo o encerramento de Almaraz e a não construção de um armazém.

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Francisco Castejón. “O governo português continua muito tímido em relação a Almaraz”
Francisco Castejón. “O governo português continua muito tímido em relação a Almaraz”

Fechar a central nuclear de Almaraz e impedir a construção de um armazém de resíduos radioactivos são as causas que juntaram, este sábado em Lisboa, dezenas de activistas num encontro organizado pelo Movimento Ibérico Antinuclear (MIA).

A conferência – que termina com um protesto junto ao consulado espanhol - tem como duplo objectivo reivindicar que o tempo de vida útil da central, que termina em 2020, não seja prolongado e também de impedir a construção de um armazém temporário individual destinado a acolher o combustível usado.

Em entrevista à Renascença, Francisco Castejón, físico nuclear e líder do MIA, considera que a central nuclear de Almaraz não pode continuar a ser vista como um problema espanhol e por isso lamenta que a intervenção do Governo português seja ainda muito tímida, com o ministro do Ambiente a bater-se pelo bloqueamento da construção do novo armazém de resíduos radioactivos, mas sem avançar com uma posição firme contra o prolongamento do tempo de vida útil da central nuclear mais antiga de Espanha, situada a apenas 100 quilómetros da fronteira com Portugal.

“Creio que o Governo português deveria perceber que a manutenção das centrais nucleares a longo prazo, para lá dos 40 anos, só é defendida pelo Partido Popular. Os outros partidos com assento parlamentar – Cidadãos, PSOE e Podemos – estão a favor de um encerramento escalonado. O Governo português deveria dar também esse passo”.

O líder do MIA reconhece as dificuldades de lutar contra as empresas proprietárias das centrais nucleares, “demasiado poderosas e habituadas a agir impunemente” mas acredita que, tal como aconteceu há 30 anos em Aldeadávila de la Ribera, a força da opinião pública e da razão podem vencer os interesses económicos.

O MIA já entregou um recurso ao Ministério espanhol do Ambiente para travar a construção do armazém e está disposto a chegar aos tribunais, juntando o seu protesto ao que o Governo português entregou em Bruxelas.

Quanto ao futuro da energia nuclear na Europa, Francisco Castejón garante que, à excepção da França, todos os países da Europa podem fechar as suas centrais sem terem problemas de falta de energia. Aliás, muitos aprovaram já calendários de encerramento. No caso da Espanha, “todas as centrais nucleares podiam fechar amanhã”. Isso só não acontece por motivos económicos, explica Francisco Castejón.

Basta dizer que o quilowatt de energia nuclear custa cerca de 5 cêntimos e é pago a cinco ou mesmo oito vezes mais.

“Isso significa, por exemplo, que Almaraz I e Almaraz II ganham, cada uma, cerca de um milhão de euros de lucro por dia”, remata este físico nuclear.

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  • SALAZAR
    14 fev, 2017 LX 15:52
    ATÉ ESTE ESPANHOL ESPERA MAIS FIRMEZA DO GOVERNO PORTUGUÊS... IRÓNICO... MAS POR CÁ É SÓ BANANAS... BANANA REPUBLIC... DEFENDEM APENAS O SEU BOLSO, DOS FAMILARES E DOS AMIGOS, NÃO O PAÍS.
  • Não cofio acredito
    05 fev, 2017 Porto 13:38
    Os políticos alimentam-se da popularidade que incutem nas pessoas para obterem protagonismo e obterem os seus próprios benefícios.
  • LAMENTÁVEL
    05 fev, 2017 lISBOA 13:33
    Os governos sentem que a sua presença é apenas uma passagem ,pelo que passam os dossiers de uns para os outros acabando sempre por nada resolverem. Neste caso veja-se o que os governos portugueses fizeram para porem fim a a Almaraz que representa um perigo eminente para Portugal. Se se registar um grave acidente de quem é a responsabilidade e que consequências políticas advirão daqui. Acabamos por ver que os nossos representantes falam demais e fazem muito pouco. Por isso é que os políticos têm pouca credibilidade . O voto vai sendo um mero ato , cujo o número de pessoas que o fazem é bastante reduzido .
  • ROSETA DORME
    04 fev, 2017 Lx 20:52
    parece que os nuestros hermanos se estão a borrifar para estes protentantes que andaram a dormir na forma e que quando acordaram já era... A Roseta é uma patusca que apenas gosta de aparecer nestes comicíos para ser e ter visibilidade.Nunca teve uma ideia nem quando era Presidente da Câmara de Cascais.Pobre coitada...
  • 04 fev, 2017 19:16
    Desejo que o govetno português faça alguma coisa. Não se admite uma coisa dedtad e tão perto da nossa fronteira. O interior já está despovoado assim sendo as pessoas ainda se afastam mais.
  • SALAZAR
    04 fev, 2017 LX 18:21
    OS PORTUGUESES SÃO UM POVO DE BANANAS QUE VOTA EM LÍDERES SUBSERVIENTES AOS ESPANHÓIS E OUTROS EM VEZ DE DEFENDEREM O INTERESSE NACIONAL DE FORMA INTRANSIGENTE. BASTA LEMBRAR AS PALAVRAS SUAVES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM RELAÇÃO A ESTE ASSUNTO (E TODOS OS OUTROS). BASTA FAZER UNS SORRISOS, UNS ACENOS DE MÃO E UMAS MACACADAS E O POVÃO ACHA QUE É O MAIOR. 40 ANOS DOMINADOS POR VIGARISTAS, LADRÕES, TRAIDORES E CORRUPTOS PS, PSD E CDS E AMIGOS.

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