21 out, 2016 - 18:04
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A agência canadiana DBRS mantém a classificação de Portugal um nível acima de "lixo".
A DBRS é a única agência que mantém o “rating” de Portugal acima do nível de “lixo”, o que é fundamental para que o país continue a ser contemplado no programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE).
"O 'rating' reflecte o facto de Portugal estar na zona euro e a sua adesão ao enquadramento económico da União Europeia, o que ajuda a adoptar políticas macroeconómicas credíveis", justifica a DBRS, lembrando que o país "beneficia de uma credibilidade forte" das instituições europeias.
A DBRS alerta que "Portugal enfrenta desafios significativos, incluindo níveis elevados de dívida pública", que deverá ser reduzida "apenas gradualmente" e que faz com que o país continue "vulnerável a choques adversos".
Defende que "continuar com o ajustamento orçamental é necessário para colocar a dívida numa trajectória firme de redução".
A DBRS mantém-se preocupada também com "um crescimento potencial baixo", lembrando o fraco crescimento deste ano e esperando que "se mantenha modesto" no curto prazo.
Também na frente orçamental são deixados alertas. A agência considera que "os riscos negativos para atingir as metas orçamentais continuam significativos", e que o Programa Especial de Regularização do Endividamento ao Estado (PERES), que chama de "amnistia fiscal", só trará um "impulso extraordinário às receitas fiscais".
Mesmo assim, a DBRS lembra que a execução orçamental até Setembro, em contas públicas (óptica de caixa), "parece estar no caminho certo".
E justifica a perspectiva estável atribuída ao 'rating' com o "progresso [feito] na redução do défice orçamental" e com a adopção de "medidas proactivas para fortalecer o sector financeiro".
“Avaliação aumenta confiança” do Governo
O Ministério das Finanças considera que a decisão da DBRS de manter o “rating” de Portugal “demonstra a justeza do caminho desenhado pelo Governo para promover a recuperação económica”.
“Esta avaliação aumenta a nossa confiança e a dos mercados nas políticas escolhidas para o país”, refere o gabinete do ministro Mário Centeno.
O Governo garante que o “compromisso do país em honrar as suas responsabilidades é inalienável”.
“O crédito que hoje é dado ao esforço de trabalhadores e empresas em Portugal para colocar o país numa trajectória sustentável de crescimento deve ter tradução numa avaliação mais positiva”, defende o Ministério das Finanças.
Horas antes de ser conhecida a decisão da DBRS, o primeiro-ministro, António Costa, tinha manifestado tranquilidade e optimismo.
“Não é um assunto que me tenha apoquentado. Acho que toda a evolução da situação financeira em Portugal só pode conduzir a que a comunicação de logo seja positiva. Não ficarei surpreendido com isso. Acho normal. Só ficará surpreendido quem tem andado há vários meses à espera que o diabo chegue e pode ser que se surpreenda mais uma vez pela não chegada do diabo”, declarou o primeiro-ministro, esta sexta-feira, no final do Conselho Europeu, em Bruxelas.
[notícia actualizada às 19h53]