11 mai, 2016 - 02:37 • Ana Carrilho
A defesa dos direitos humanos só acontece com mudança e para ela aconteça é preciso investir na educação para a cidadania. Esta foi uma das mensagens fortes que ecoaram esta terça-feira na Fundação Gulbenkian, onde diversas entidades e organizações não-governamentais assinaram a Declaração de Lisboa.
Kerry Kennedy, presidente da Fundação Robert F. Kennedy, que organizou a conferência sobre direitos humanos, em Lisboa, em parceria com a Gulbenkian, sublinhou o facto de Portugal estar a dar um passo em frente na educação para os direitos humanos, tal como tem feito historicamente, com coragem de explorar o mundo e busca do que está para lá do horizonte.
“Por isso é tão importante que Portugal esteja na vanguarda dos direitos humanos e em especial na educação dos direitos humanos. E consiga que a próxima geração se empenhe e se envolva na protecção da dignidade e dos direitos humanos. É disso que todos fazem parte e, hoje, quero agradecer a cada um de vós por todas as vidas que vão tocar com o vosso trabalho”, afirmou Kerry Kennedy.
Desde cedo, na sua via pessoal e familiar, foi confrontada com situações que acabou por perceber serem violações graves dos direitos humanos e individuais, o que a levou a dedicar-se ao tema desde há 35 anos, tal como outros que já tentavam pôr em prática a Declaração Universal das Nações Unidas. Por isso, concluiu que o melhor era fazê-lo através da educação.
No encerramento da conferência “Os direitos humanos e os desafios do século XXI – Globalizar a Humanidade”, a sobrinha do Presidente norte-americano John F. Kennedy e filha de Robert Kennedy admitiu que ao longo destes anos têm sido feitas mudanças nas mentalidades.
Essa evolução, referiu, foi sempre feita graças a “pequenos grupos de pessoas determinadas” que se sentem diminuídos nos seus direitos e que tentam garanti-los com a ajuda da Declaração Universal.
“Nenhuma dessas mudanças aconteceu por vontade dos governos que, pelo contrário, tentaram travá-las. Nada disso aconteceu porque os militares ou as corporações o quisessem. Os grandes interesses corporativos tentaram travá-las”, lamenta.
A educação para aos direitos humanos, com o apoio da Fundação Robert F. Kennedy, é dada nas escolas como parte integrante dos programas escolares.
Mas, em muitos casos, também há concursos musicais, de teatro, escrita ou vídeos em que as crianças expressam os seus sentimentos e opiniões sobre os diversos temas ligados aos direitos humanos e cidadania.
Em Portugal também é provável que seja feito algum concurso, mas ainda não está decidido.
Para já, a Declaração de Lisboa foi assinada pela Gulbenkian, pela Fundação Robert F. Kennedy, Associação Nacional de Municípios e de Freguesias, além do INATEL, Amnistia Internacional, Instituto Padre António Vieira, OIKOS; Associação Zero e AMPLOS. Mas espera novas adesões.