28 set, 2017 - 06:22
O presidente de França, Macron, poderá ter muitos defeitos; mas não é político para desistir de reformas que considera necessárias. O semanário “The Economist” escreveu recentemente que Macron quer mudar a psicologia dos franceses…
De facto, as reformas internas que o presidente de França quer concretizar, no mercado de trabalho, na segurança social, etc., já suscitaram a habitual reacção francesa: protestos e manifestações nas ruas, bloqueamento de estradas, dificultar o abastecimento de combustíveis e por aí fora. Vários dos seus antecessores foram forçados por esse tipo de protestos a deixar cair anunciadas reformas.
No plano europeu, Macron teve o azar de as coisas não terem corrido bem a Merkel dois dias antes do seu discurso na Sorbonne. Ora nem o discurso foi adiado nem o presidente deixou de apresentar um vasto programa de reformas para refundar a UE, com mais de vinte propostas. Apenas terá deixado um tanto no vago algumas mudanças na zona euro.
Mas defendeu uma força militar europeia de intervenção rápida, uma agência europeia de informações bem como um procurador europeu para combater o terrorismo e o crime organizado, um imposto sobre transacções financeiras para financiar uma maior ajuda a África, e até uma revisão da política agrícola comum, que os franceses tradicionalmente consideram intocável.
Os liberais alemães, que hoje são eurocépticos, mas que provavelmente farão parte do próximo governo de Merkel (reclamam o ministério das Finanças, agora que Schauble irá presidir ao Bundestag), já vieram criticar o discurso de Macron. Este sabe que a maioria das suas propostas europeias terá de esperar para passar do papel. Mas apontou um caminho. Aludiu, mesmo, à possibilidade de o Reino Unido voltar a uma UE reformada e mais simples.
Este discurso – o mais europeísta jamais feito por um presidente francês – terá pelo menos a virtude de ser um obstáculo à desintegração europeia.