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2016. O ano antecipado por 16 personalidades

01 jan, 2016 - 09:00 • Pedro Rios , Cristina Nascimento , João Carlos Malta , Filipe d'Avillez

Marques Mendes, Nuno Garoupa, Loureiro dos Santos, Luís Pedro Nunes, João Garcia e outras personalidades antecipam o novo ano. Dezasseis olhares sobre 2016.

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Fotomontagem: Renascença



"O povo vai viver em plena Primavera no Inverno" -- Luís Pedro Nunes, director do jornal satírico “Inimigo Público”

Constato que estamos em pleno início de ano e já estamos em plena Primavera. Não há dúvidas na minha mente de que vai ser o fim da austeridade, que os salários vão aumentar, que o povo vai viver em plena Primavera no Inverno. Parece-me que este Governo está em condições de assegurar que os tempos do Inverno, das goteiras nos telhados, das pontas dos dedos geladas, das frieiras nos dedos dos pés terminaram. Estamos num momento em que as flores vão desabrochar, os frutos vão chegar às árvores uns meses antes e a felicidade está aí novamente – já em Janeiro e não nos meses em que era suposto estar. Agora, também estou já em condições de fazer a previsão para 2017: os senhores da gravata vão chegar. Mas isso é o ciclo natural da vida, fora do tempo ou dentro do tempo. Primeiro, as primaveras antecipadas, depois chegam os homens maus para impor os invernos. É isto, é o nosso ciclo.

“Costa vai terminar o ano no poder” -- Marques Mendes, ex-presidente do PSD

Há dois factos que vão marcar o ano. O primeiro já em Janeiro com as eleições presidenciais – perceber se Marcelo Rebelo de Sousa ganha à primeira ou à segunda volta e que tipo de mandato fará. O segundo é saber se o governo de António Costa vai aguentar até ao final do ano. Penso que terá dificuldades, sobretudo na discussão do programa de estabilidade Abril, mas no limite penso que vai terminar o próximo ano no poder.

“Não haverá qualquer retoma em 2016” -- Nuno Garoupa, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos

A grande incógnita que se vai colocar é se vamos ter ou não eleições legislativas antecipadas, se o Governo que está em funções aguenta o ano de 2016. Não houve retoma em 2015 e acho que não haverá qualquer retoma em 2016. O país vai continuar a crescer qualquer coisa entre 1% e 2%. Evidentemente o Governo em funções chamar-lhe-á retoma, a oposição dirá que não é retoma e na verdade é um crescimento económico muito medíocre, que é aquele que temos vindo a assistir no último.

Os fluxos de imigração vão continuar naquilo que já foi 2015, um fluxo um pouco menos acentuado do que tinha sido em 2013 e 2014, mas penso que não vamos assistir a um grande fluxo de regresso em grandes números dos portugueses que saíram nos últimos três ou quatro anos.

“Um Governo mais sensível e mais solidário com quem mais precisa” -- Aurora Cunha, ex-atleta olímpica

O que mais me preocupa é continuar a ter saúde. Aquilo que mais desejo é continuar a ter saúde para poder continuar a trabalhar. Quero, em 2016, ter ainda mais força para ser solidária com aqueles que mais precisam. Temos que acreditar sempre e também espero que, com esta mudança, os portugueses tenham um ano melhor, não só pagando menos impostos, mas tendo um novo Governo mais sensível e mais solidário com quem mais precisa. E que se faça justiça perante aqueles que puseram o país neste estado.

"O sistema bancário merece uma atenção particular" -- Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analista Técnicos

Este é um período de enorme incerteza económica, política e social. Perspectivo mais um ano de navegação à vista do que de grandes previsões. Há, no entanto, um sector que neste momento nos merece grande atenção, o sector bancário. Isto depois de termos tido a resolução do BES, devido a fraudes, e agora do Banif, mais preocupante porque era um banco em que o Estado tinha uma parte substancial do seu capital. Este tipo de resoluções está a acontecer também em Itália, poderão vir a acontecer noutros países onde há manifestações mais violentas contra este tipo de resoluções. O sistema bancário merece uma atenção particular em 2016.

“Regresso em força à ciência” -- Carlos Fiolhais, físico e divulgador de ciência

No início de cada ano esperamos que o ano seja melhor. E temos razões para isso em Portugal. Hoje temos muitos jovens que fazem ciência e conseguem resultados. Infelizmente, estavam a ir lá para fora. Há agora uma mudança na política, está anunciada a possibilidade de afectar mais recursos à ciência e de fazer com que mais jovens consigam trabalhar em Portugal, a bem do progresso da ciência e também do país.

Os últimos quatro anos foram anos de sombra para a ciência. Entendeu-se que a ciência devia ser sacrificada. Isso não faz sentido nenhum porque os países que hoje são mais ricos são os que apostam mais na ciência. Espero que os próximos anos sejam anos de regresso em força à ciência.

“Há outras escaladas difíceis para tentar” -- João Garcia, alpinista

Ao olhar o novo ano, há sempre uma atenção às relações familiares e pessoais, mas o João Garcia é um alpinista e, por isso, tem planos para subir montanhas. Depois de me ter tornado na décima pessoa do mundo a escalar as 14 montanhas do planeta com mais de 8 mil metros sem recurso a oxigénio artificial, isso deixou, de alguma forma, um vazio, porque, agora, mais alto, só fosse para Marte. Mas há outras escaladas difíceis, ainda que mais baixinhas, para tentar, abrindo explorando vias novas, mantendo o desafio de poder desfrutar do cenário fantástico da alta montanha e partilhando isso com amigos e familiares, na tentativa de chegar àquela coisa utópica que é a felicidade.

Numa perspectiva mais geral, confesso que estou um pouco céptico, mas gostaria que nós, portugueses, falássemos menos e fizéssemos mais, porque este país melhorava. Os portugueses são boas pessoas, mas estamos mal orientados, há problemas na organização do país.

“Pode ser um ano trágico” -- Loureiro dos Santos, general

O facto que pode afectar mais as nossas decepções é a conflitualidade crescente no Médio Oriente e que se tem espalhado pelo Sul da Europa. Lembremo-nos dos atentados terroristas em Paris, que nos dá uma perspectiva do que pode ser o próximo ano. Se não se reforçarem as comunicações entre os diversos serviços de comunicação para partilhar informação poderá ser um ano trágico em termos de atentados terroristas.

“Erradicar de facto a pobreza” -- Padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade

Estou moderadamente optimista, o que pretendo é que em 2016 se insista na cooperação, para que tenhamos uma comunidade envolvida na solução dos seus problemas, não estando todos na expectativa que seja o Estado a fazer tudo.

Gostaria que este ano houvesse verdade, cooperação e fosse definida uma estratégia global para erradicar de facto a pobreza entre nós. Estamos num país em que o fosso entre os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco ou nada se tem vindo a agravar. Temos muita gente que não tem acesso a condições de vida com dignidade.

“Os empresários estão com bastante receio” -- Martim Guedes, administrador da Aveleda Vinhos

Penso que os empresários vão estar bastante prudentes no próximo ano, sobretudo em termos de investimentos futuros. Se a curto prazo algumas medidas que permitam mais consumo sejam boas, nomeadamente em relação ao salário mínimo, sabemos que a longo prazo vamos ter muitas dificuldades. O endividamento do sector público será, no mínimo, perigoso. Os empresários estão com bastante receio dos anos que se avizinham e que possa haver políticas mais contraccionistas.

O sector vitivinícola vem numa tendência ascendente. As exportações do sector há sete ou oito anos valiam 500 milhões de euros, hoje em dia valem 800. Em termos de mercado nacional, pode ser um bocadinho mais difícil, embora não antecipamos que as dificuldades comecem já. 2016 será um ano bom para o sector vitivinícola – para a Aveleda em particular, acreditamos que sim. Em mercados como os Estados Unidos, a Alemanha, o Canadá, antevemos boas perspectivas e partimos para 2016 com optimismo.

“Um futuro mais colorido” -- Miguel Neiva, designer e inventor do ColorADD, sistema de identificação das cores para daltónicos

Foi um ano muito positivo, e digo isto não só por alguma retoma que possa ter havido numas áreas mais do que noutras, mas principalmente pela mudança de paradigma daquilo que é o processo e projecto das empresas com a sociedade.

No ColorADD, na maneira de transformar o mundo através da co-criação das empresas do segundo sector com todo um programa de impacto social, há uma sensibilidade que não havia antes. Para 2016, todo esse processo, aquilo que imaginamos como sendo a continuidade dessa mudança ainda mais positivo, ainda mais capaz de ser transformador, ainda mais capaz de envolver as pessoas e a comunidade em todo o processo. Acho que assim vamos ter certamente um futuro muito mais colorido, equilibrado e justo para todos.

Simplificar e modernizar a Justiça -- Rogério Alves, ex-bastonário da Ordem dos Advogados

Eu quero ter boas expectativas, porque em regra quando se lê um programa do Governo, estamos de acordo com a generalidade do que lá é dito. Agora, quando nos aproximamos da concretização é que nascem as divergências e algumas perplexidades. É preciso dar o benefício da dúvida a esta senhora ministra da Justiça, que é uma magistrada muitíssimo experimentada, muitíssimo competente, muitíssimo sensata. Espero que a Assembleia da República e o Governo sejam capazes de promover medidas que simplifiquem os processos, modernizem a forma como os processos são julgados e modernizem a gestão dos tribunais, utilizando a informática.

Tenho também esperança que em matéria de direito penal e processual penal, tal como se afirma no programa do Governo, se valorizem os direitos fundamentais e não se continue numa marcha de redução das garantias, dos recursos, das possibilidades de intervenção das partes, que me parece contra a corrente de um Estado de direito que se quer livre e democrático. Sou optimista e quero acreditar que 2016 pode ser importante para uma nova era da administração da justiça em Portugal.

“A arte é muito importante” -- Cuca Roseta, fadista

O que desejo para 2016: que continue a haver um crescimento da parte artística e cultural no país e também a nível internacional. Este ano o cenário melhorou muitíssimo: houve muitos concertos, muita procura deste lado artístico, que é uma fonte onde as pessoas encontram também paz de espírito e o seu equilíbrio. A arte é muito importante. Desejo que as pessoas possam ter uma melhor vida neste próximo ano, a todos os níveis. Já não estamos no auge da crise, estamos a sair aos poucos.

“Encontrar fórmulas consistentes de olhar para o envelhecimento” -- Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesa

As minhas expectativas são que as misericórdias continuem a exercer a sua missão, com muita qualidade, no que diz respeito às respostas sociais, nomeadamente o grande problema que existe em Portugal, o envelhecimento, mas também na saúde. Que seja possível em estreita articulação com o Governo, nesta área, aumentar a rede de cuidados continuados, sempre na perspectiva da saúde.

Se conseguirmos encontrar fórmulas consistentes de olhar para o envelhecimento de uma forma cada vez mais moderna, nomeadamente de atenção ao aumento imparável da demência, mas também da rede de cuidados continuados e de outros cuidados de saúde, poderemos estar a dar um salto muito importante para a qualidade de vida dos portugueses.

“Uma tendência mais nómada” -- Katty Xiomara, designer de moda

Foi um ano bastante especial. A moda está a passar por uma fase de câmbios e mudanças de formas de ver as coisas, bem distintas daquilo que eram. 2016 poderá ser o ano que clarifica tudo isso. Em termos de panorama nacional, cada vez existem mais marcas que têm potencial a nível internacional e que têm vindo a afirmar-se.

Nas tendências nunca há uma que prevaleça sobre as outras, são sempre bastantes e são vistas num contexto social muito específico. Uma tendência mais nómada, mais virada para novos povos e novas culturas poderá ser bastante forte em 2016.

“Que seja um ano de oportunidade para a cultura” -- Joel Cleto, historiador

Não sou pessoa de muitos planos, mas a verdade é que, já para o arranque do novo ano, tenho alguns, com boas expectativas, em particular no projecto televisivo a que estou ligado, o Porto Canal, que arranca com uma nova grelha, a 11 de Janeiro, com a História e o Património muito presentes. Outra novidade em que estarei envolvido é um concurso diário –Azul e Branco –, que vai abordar a história do Porto, cruzando-a com a história do Futebol Clube do Porto, através do museu do clube.

E espero que 2016 seja um ano de oportunidade para a cultura. Espero progressos no combate à crise e acho que a cultura, a história e o património, também através do turismo, têm uma palavra a dar.

Comentários
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  • Manuel Marques
    01 jan, 2016 Penalva do Castelo 17:39
    O Pseudo Jornalista L. P. Nunes é pura e simplesmente um idiota sem qualquer tipo de formação. Para além disso não custava nada (se ele trabalhasse) informar-se melhor sobre os bitaites que atira para o ar. É alvo de chacota dos "colegas" nos programas em que participa. É pessoa para NÃO LEVAR A SÉRIO. o circo dele é outro.
  • Carlos Costa
    01 jan, 2016 Santarem 14:22
    Com o governo que temos,Portugal tem todas as condições para piorar e muito!!!!
  • Ricardo
    01 jan, 2016 azeitão 13:26
    O jornalista L.P.Nunes tem a lata de dizer que os srs de gravata vão voltar, por causa da solidaried. social que o gov. PS está a promover, junto daqueles q menos têm. Pois. O problema deste país é mesmo esse... aumentar sal.mínimo em €25, restituir às pessoas aquilo que é delas, mas que lhes foi roubado, desenvolver políticas de combate à pobreza, num país onde 1/3 da pop. é pobre, tudo isso é despesismo, é irresponsabilidade, é populismo, p/a o sr LPN. E os danos provocados pelos buracos abertos com as falência dos bancos, q já custaram €20 000 000 000 aos contribuintes? Q impacto terão na nossa economia? Não são os salários baixos q causam a vinda troika, pq as pessoas têm q receber alguma coisa pelo seu trabalho, ou não? Mais do q €530 ganha o jornalista LPN em apenas uma das suas várias publicações jornalísticas, acumuláveis c/ espaços de comentário nas rádios e tvs. Pq insistem em focar apenas o peso das políticas sociais, e dos apoios dados aqueles q estão no fundo da escala de interesses? O problema deste país nunca será a ajuda a prestar aos q têm tão pouco. A vinda da troika explica-se numa causa - corrupção, promiscuidade polít/financeira. Mas isto não me espanta, vindo de um alentejano sem brio de o ser, pq o LPN é um alentejano envergonhado, aburguesado, complexado... nunca o ouvi falar c/ orgulho e sentimento do seu Alentejo. Isso é estranho! Os alentejanos são conhecidos pela profundidade, liberdade e riqueza do seu pensamento, mas isso é o povo, claro...
  • JOSÉ CUNHA
    01 jan, 2016 Paredes de Coura 12:18
    O ano de 2o16, no meu entender nada de bom nos vai trazer, mesmo que muitos políticos digam que estão contra a austeridade esta vai continuar mas em dose dupla mais tarde, sempre assim foi e será só podemos gastar o que podemos em relação aos nossos salários e reformas. Como sou um pouco realista só vejo mais dificuldades para os mais carenciados, não é o aumento de cêntimos que vai endireitar a economia dos mesmos, em certos aumentos propalados é mesmo uma vergonha nacional falar em aumentos!!!
  • Xerina
    01 jan, 2016 Oiã 11:43
    Ok, o ano de 2016 vai ser mais do mesmo, ponto! São pões, são pães (e estiveram nisto muito tempo dois amigos, até que resolveram chamar um polícia que estava por perto, para decidir se eram pães ou pões!), ó sr polícia desculpe lá ajude-nos, como é que se diz, o que é que está certo, são pães ou pões? O polícia depois de algum tempo a pensar respondeu, bem isso depende das..."opiniães"! Para bom entendedor...

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