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Para onde foram as vagas? Eis os cursos mais afetados pelas reduções no Porto e Lisboa

18 jul, 2018 - 00:01 • Rui Barros , com redação

A tutela quer combater a excessiva concentração de universitários nas duas maiores cidades do país e, por isso, reduziu vagas em ambas. Civil, Mecânica, Economia, Gestão e Direito são os cursos mais afetados.

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O concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, que arranca esta quarta-feira, vai ter menos 1.066 vagas disponíveis em Lisboa e no Porto. Segundo dados disponibilizados pela tutela, os cursos de Engenharia Civil e Mecânica, Economia, Gestão e Direito sofrerão o maior corte no número de vagas nas duas maiores cidades do país. Para estes cursos é bem provável que as médias subam, obrigando os estudantes a concorrer a outras instituições fora dos dois grandes centros urbanos.

A engenharia mais afetada pelos cortes em Lisboa e no Porto é a Engenharia Mecânica, que perde 10 vagas na Universidade Nova de Lisboa, 40 no Politécnico de Lisboa, 10 na Universidade de Lisboa, outras 10 na Universidade do Porto e 20 no Politécnico do Porto. As contas não são simples e podem complicar a vida a quem quer concorrer ao curso, já que que, o ano passado, a nota do último colocado na Universidade do Porto foi de 17,53 valores; em Lisboa, o mesmo curso chegou aos 17,35.

Quem não conseguir entrar no Porto nem em Lisboa poderá tentar a sorte em Coimbra ou no Politécnico de Leiria, cada um com mais 6 vagas, ou no Politécnico de Bragança, onde foram criadas 4 novas vagas.

Não foram só as engenharias a serem afetadas pela realocação de vagas no continente. Os cursos de Economia também veem as suas vagas reduzidas nas instituições de ensino em Lisboa e no Porto, com menos 15 na Universidade Nova de Lisboa, também 15 na Universidade do Porto e sete a a menos no Politécnico de Lisboa. No ano passado, na Universidade Nova de Lisboa, o último colocado tinha 16,95 valores de média e, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, a média de acesso foi de 17,10.

Em alternativa, há a Universidade de Évora, que vai ter mais sete lugares para estudantes de economia; a Universidade do Minho, em Braga, com mais quatro lugares; e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que tem mais quatro vagas.

Noutro plano, Gestão tem menos 34 vagas no Porto e em Lisboa este ano. Na Universidade Nova de Lisboa, há menos 15 vagas. A Universidade do Porto diminuiu sete vagas e a Universidade de Lisboa tem menos 12 vagas para esta licenciatura. Em 2017, as médias de acesso aos cursos de gestão foram mais altas no Porto do que em Lisboa, com 17,50 valores na Faculdade de Economia do Porto, 17,40 na Universidade Nova de Lisboa, 15,78 na Universidade de Lisboa e 16,48 no Politécnico da capital.

Engenharia Civil e Direito também afetados

Também o curso de Engenharia Civil - que, nas colocações do ano passado, foi a formação superior que mais vezes apareceu na lista de cursos que ninguém quis - sofreu reduções no número de vagas nas duas cidades. O curso perdeu perdeu 10 vagas na Universidade Nova de Lisboa, nove na Universidade do Porto, oito na Universidade de Lisboa e 15 no Politécnico do Porto. No ano passado, as classificações mais elevadas da licenciatura foram na Universidade de Lisboa, com 13,25 valores, e na Universidade do Porto, com 13,05.

Aqueles que falharem a entrada em cursos de Engenharia Civil em Lisboa e no Porto passaram a ter as suas hipóteses ampliadas em Coimbra, que ganhou 30 vagas.

Na área do Direito, os cortes não são brandos: na Universidade de Lisboa há menos 115 vagas este ano em relação ao ano passado. Sobram ainda 445 vagas, mas o decréscimo pode comprometer a entrada de muitos alunos, já que a média de acesso a Direito na Universidade de Lisboa foi de 14,55, em 2017.

Na Nova de Lisboa, onde a licenciatura atingiu a média de 16,05 em 2017, Direito perde apenas sete vagas e, na Universidade do Porto, há menos nove vagas disponíveis. No entanto, é no Porto, onde a nota de acesso foi mais elevada em 2017, que a situação mais pode complicar. Talvez os 17,06 valores já não sejam suficientes.

Os candidatos ao ensino superior podem ter ainda outras surpresas. Na Universidade Nova de Lisboa, vai haver menos 20 vagas para preencher. Por outro lado, na Universidade de Lisboa há mais reduções: Ciências Farmacêuticas perde 11 vagas e Ciências da Linguagem reduz em 21 lugares.

Já Relações Internacionais tem menos 10 vagas e, no curso de Psicologia da mesma universidade, há oito lugares a menos. Na Escola Superior de Enfermagem do Porto, há também uma redução de 13 vagas.

A realocação de vagas surge no seguimento das preocupações manifestadas pelo Governo quanto à crescente concentração de estudantes nas duas grandes cidades. Note-se que, em 2017, quase metade (49%) dos alunos universitários estavam inscritos em instituições de ensino superior de Lisboa ou do Porto.

Desde 2001, a concentração de vagas em universidades públicas aumentou 31% em Lisboa e no Porto combinados, tendo diminuído 9% nas restantes cidades que albergam instituições públicas de ensino superior.

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  • Estudante
    18 jul, 2018 lisboa 09:41
    Isto é um atropelo aos candidatos e respetivas famílias ao enviar para zonas distantes e subdesenvolvidas os estudantes e aumentarem as despesas das famílias.Isto nem no tempo de Salazar é uma agressão que custará votos e levará miúdos a desistirem dos estudos.A deslocalização forçada é o degredo só comparada com os campos de concentração.

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