27 jun, 2018 - 14:21
A companhia aérea de Israel, El Al, vai deixar de pedir a passageiras que mudem de lugar para acomodar a vontade de homens judeus ultraortodoxos que se recusam a sentar ao lado de mulheres.
A decisão surge depois de mais um caso de atraso provocado por esta situação. Um voo de Nova Iorque atrasou 75 minutos até que a tripulação conseguiu convencer algumas mulheres a trocar de lugar para que os passageiros em questão não tivessem de se sentar ao lado delas.
O caso foi replicado na imprensa, levando Barak Eilam, um magnata e diretor executivo de uma das principais empresas israelitas de tecnologia, a Nice Systems, a ameaçar boicotar a linha aérea se esta mantiver a prática.
“Na NICE não lidamos com empresas que discriminam com base na raça, género ou religião. A NICE não voltará a voar na El Al Israel Airlines enquanto não mudarem esta prática e as ações que discriminam contra as mulheres”, escreveu Eilam.
A reação da empresa não se fez esperar, com a companhia aérea a pedir desculpas pelo incidente e a garantir que a partir de agora qualquer passageiro que se recuse a sentar-se ao lado de outro será removido imediatamente do avião.
Este episódio surge numa altura em que a sociedade israelita se vê confrontada com vários casos polémicos em que homens ultraortodoxos exigem a separação entre homens e mulheres. A prática existe em alguns autocarros que percorrem bairros ultraortodoxos, por exemplo, e também no Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados para os judeus, mas que é, na generalidade, vedado a mulheres. Estas têm apenas um pequeno espaço separado onde podem encontrar-se para rezar, mas não podem entoar cânticos.
Um grupo que combate o extremismo em Israel, e defende os direitos das mulheres, louvou a decisão da El Al, notando, porém que esta apenas surgiu depois de uma ameaça de uma empresa, quando devia ter sido tomada depois das queixas de muitas mulheres que já se viram afetadas pela política de mudança de lugares.
A maioria dos homens judeus, incluindo ortodoxos, não têm qualquer problema em sentar-se ao lado de mulheres, sobretudo em locais como os transportes, em que os lugares são limitados. Mas uma pequena minoria leva a questão da separação tão a sério que se recusa em qualquer situação, alegando atentado à modéstia.