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Caso Manuel Vicente

João Paulo Batalha: "Uma decisão politica tomada por uma instância judicial"

11 mai, 2018 - 15:07 • Pedro Mesquita

Aquilo que "a elite politica portuguesa quer é retomar os negócios com a elite angolana", diz o presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade.

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O presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, João Paulo Batalha, classifica a decisão de encaminhar o processo de Manuel Vicente para Angola uma "decisão política tomada por uma instância judicial portuguesa".

Em entrevista à Renascença, João Paulo Batalha defende que a decisão "não tem sustentabilidade judicial" e, por isso, só pode resultar de incompetência ou de "uma capitulação".

"Esta decisão é, na melhor das hipóteses, um atestado de impunidade a Manuel Vicente, passado por miopia do Tribunal da Relação de Lisboa. Na pior das hipóteses, é uma capitulação às pressões politicas que foram feitas abertamente pelo regime de Angola e, na penumbra, mas feitas na mesma pelo governo português", critica.

"Não há qualquer sustentabilidade judicial e, portanto, ou é fruto de incompetência ou uma capitulação perante as pressões politicas, como se viu pela reacção imediata, quer do primeiro-ministro quer do Presidente da Republica, que ficaram agradados e celebraram. É uma decisão politica tomada por uma instância judicial portuguesa", completa.

"O que esta elite politica portuguesa quer é retomar os negócios com a elite angolana. Negócios baseados em disponibilidade e na hospitalidade de Portugal, quer a nível politico quer a nível económico, para serem não só gestores de conta de figuras angolanas enlameadas por suspeitas de corrupção, mas por serem, em várias ocasiões, activos branqueadores desse dinheiro mal obtido por essa elite angolana. É esta a relação que o governo português quer preservar", remata o presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade.

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    11 mai, 2018 TERRADOMEIO 17:59
    Nem mais. Na melhor das hipóteses, incompetência - aqueles fundamentos da "mais fácil reintegração social" de um corrupto, e o da amnistia prévia de um suspeito relapso, são de antologia. Na pior das hipóteses, jeito feito ao bem maior dos do costume. De facto, a reacção imediata dos nossos políticos, de agrado e celebração, sem um mínimo de contenção ou dignidade, é de uma repulsiva falta de respeito pelo Ministério Público, em particular, e por qualquer sentido de estado em geral. Ficaram fora deles de alegria, com a "remoção do obstáculo" e o fim do "irritante", nem sabiam o que diziam. Aperceber-se-ão, sequer, que meio país está em choque - não pela decisão em si, mas pelo descabido foguetório? E que é o foguetório que nos leva, definitivamente, a duvidar da imparcialidade da uma decisão cujo conteúdo já nos parecia meio esquisito?

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