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A "homenagem aos poetas" de Janita Salomé

24 abr, 2018 - 15:53 • Maria João Costa

“Valsa dos poetas” é o novo disco de Janita Salomé. São doze temas que dão música à poesia, nove deles originais com arranjos de Filipe Raposo e Mário Delgado.

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Confessa-se um leitor de poesia. O músico Janita Salomé acaba de lançar “Valsa dos poetas”, um disco com poesia dentro em doze temas, nove dos quais originais. Um disco que, nas palavras de Janita Salomé em entrevista à Renascença, prima pelo “relevo que dou à palavra na música que faço, a importância que a palavra tem e a sua capacidade transformadora através da pena dos poetas”.

É desta “dança das palavras e da melodia” que nasce este que é o décimo quinto trabalho do reportório de Janita Salomé. O intérprete quis fazer “uma homenagem aos poetas” e, para tal, foi reler os seus livros para escolher quem queria cantar. “Valsa dos poetas” tem arranjos musicais do pianista Filipe Raposo e do guitarrista Mário Delgado.

De chapéu preto, sentado numa esplanada em Lisboa, Janita Salomé assume que o seu Alentejo, que “está colado à pele”, ficou um “pouco distante” neste álbum em que canta, pela primeira vez, alguns temas em língua inglesa. Questionado sobre se foi uma “aventura”, Janita Salomé explica que a culpa é do poema “Bluebird”, de Charles Bukowski, que “a isso conduziu”. Apesar de nunca ter pensado gravar em inglês, o cantor explica que não tem “qualquer prurido” em fazê-lo, até porque recorda os momentos em que foi vocalista de “conjuntos de baile” na sua juventude nos quais cantava em inglês.

Entre os poetas que escolheu musicar estão palavras de Luís Vaz de Camões, José Jorge Letria, Jaime Rocha, José Afonso ou Carlos Mota de Oliveira. E há um tema, o único no disco, em que Janita assina a letra e a música. “Aos meus poetas” é uma espécie de “ode aos poetas” que habitam a vida de Janita Salomé enquanto leitor.

Questionado sobre o processo de musicar poemas, o irmão do músico Vitorino admite que “é a coisa mais difícil de explicar”. Janita Salomé fala num “processo” em que transforma “imagens traduzidas pela poesia em melodia”. Mas nesse “fenómeno estranho”, como lhe chama o músico, “rasga muito papel” e deita muitas ideias fora até chegar ao “tremor”, ao momento em que começa a “surgir a melodia”.

Para cada poema que escolheu, diz, “há uma história” para contar. O tema de abertura escrito por José Jorge Letria chama-se “Sophia” e presta homenagem a uma das poetisas de eleição de Janita Salomé, Sophia de Mello Breyner Andresen, de quem já cantou um outro poema noutro disco.

De Camões, Janita Salomé canta o soneto “Aquela triste e leda madrugada”, onde o poeta de “Os Lusíadas” “revela a dor da separação de uma grande paixão que teve, que era a Infanta D.Maria, irmã de D.João III”. É mais “um poema com história” que está neste “Valsa da poesia”.

O espetáculo de apresentação do disco está marcado para dia 5 de junho, no Teatro da Trindade, em Lisboa. No concerto, Janita Salomé juntará em palco os músicos que trabalharam consigo no disco e também as vozes de Luanda Cozetti e Catarina Molder, que interpretam a música “A música inventa o lume” e “Aos meus poetas”.
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  • manuel
    24 abr, 2018 lisboa 21:29
    Janita viva o 24 de abril

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