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Príncipe Carlos

Vinho branco e queijo. Combustível Real não é replicável

12 out, 2021 - 08:01 • Filipe d'Avillez

A fórmula encontrada pelo Príncipe Carlos para mover o seu carro pessoal está a merecer elogios ecológicos, mas não é uma solução viável em larga escala.

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O príncipe Carlos, do Reino Unido, anunciou na segunda-feira que todos os carros usados na sua propriedade privada são verdes, isto é, ecológicos, uma vez que não recorrem a combustíveis fósseis, incluindo o seu Aston Martin pessoal.

A fórmula encontrada para mover os carros do príncipe recorre a uma mistura composta em 85% por bioetanol feito de restos de vinho branco inglês e soro de leite coalhado fermentado. Os restantes 15% são gasolina sem chumbo.

A revelação, feita nas vésperas da reunião do COP26, causou alguma sensação e provocou um misto de piadas e de elogios, mas um especialista consultado pelo The Guardian diz que por mais louvável que seja a iniciativa individual, o modelo não é replicável em larga escala.

“A solução peculiar do príncipe Carlos para descarbonizar o seu Aston Martin recorrendo a uma solução de bioetanol de subprodutos de queijo e vinho, não deve ser confundido com uma solução séria para a descarbonização de veículos”, refere Greg Archer, diretor para o Reino Unido da T&E, uma organização europeia que faz campanha pelos transportes ecológicos.

“Em larga escala os biocombustíveis fazem mais mal do que bem, provocando a desflorestação e mudanças na utilização dos terrenos que pioram a crise climática”, conclui.

O facto de Carlos usar materiais que resultam da produção de indústrias já estabelecidas iliba-o do pecado de estar inadvertidamente as alterações climáticas. A questão é que não existem restos de queijo, vinho ou outros produtos alimentares que cheguem para mover os carros todos no Reino Unido.

Contudo, ouvido também pelo The Guardian, o especialista Chris Mallins diz que o caminho do futuro passa mesmo por encontrar alternativas aos combustíveis fósseis, pelo que o príncipe está no caminho certo. “O Reino Unido tem políticas que promovem de forma agressiva o desenvolvimento de tecnologias que, ainda que não seja queijo e vinho, usem outros elementos. Contudo, os restos alimentares não chegam. Vai ser preciso criar tecnologia mais avançada”, explica.

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