06 abr, 2018 - 17:56
Donald Trump acabou de assinar mais um momento que vai ficar para os anais da História dos Estados Unidos, depois de literalmente ter atirado o seu discurso ao ar durante um encontro com empresários norte-americanos no estado da Virginia Ocidental.
A audiência e os jornalistas esperavam um discurso sobre a reforma tributária que a sua administração quer implementar, mas o tema não chegou sequer a ser abordado.
Depois de ler o primeiro parágrafo da cábula que trazia consigo, o Presidente norte-americano recusou-se a avançar. "Era isto que eu ia ler mas que se dane", disse a rir enquanto atirava os papéis ao ar. Alguns dos presentes, incluindo membros do painel que estavam sentados ao seu lado, riram com ele e aplaudiram a atitude.
Pres. Trump tosses his prepared remarks at roundtable on tax reform.
— ABC News (@ABC) April 5, 2018
"I'm reading off the first paragraph, I said, 'This is boring. Come on. We have to tell it like it is.'" https://t.co/NkJuIoh4fP pic.twitter.com/FCaGMRkyaL
Em vez de falar sobre economia e impostos, Trump acabou a lançar tiradas sobre imigração ilegal, aquela que prometeu combater com um muro a ser construído na fronteira com o México. Durante a campanha para as presidenciais de 2016, o candidato republicano encheu manchetes em todo o mundo quando classificou os mexicanos que emigram para os EUA como "violadores" e "ladrões".
Recuperou essa ideia esta sexta-feira, quando referiu, sem factos que o sustentem, que migrantes do sexo feminino estão a ser violadas a níveis "nunca vistos".
"Lembram-se de quando aparecei na Torre Trump [para anunciar a minha candidatura] e toda a gente disse 'Oh, ele foi tão duro' porque usei a palavra violação? Ontem foi noticiado que, nesta viagem que [imigrantes da América Central] estão a fazer, as mulheres estão a ser violadas a níveis nunca vistos. Eles não querem referir isso."
A declaração, na qual recuperou o seu anúncio de candidatura às primárias do Partido Republicano em 2015, faz referência à "caravana" de imigrantes de países como El Salvador, Honduras e Guatemala que, esta semana, foi travada pelo México antes de essas pessoas chegarem à fronteira com os Estados Unidos.
Todos os anos, desde 2010 e por alturas da Páscoa, organizações humanitárias como a Pueblo Sin Fronteras e a Casa del Migrante juntam no sul do México centenas de migrantes, numa operação batizada Via Sacra do Migrante. Este ano, a ação de protesto alimentou uma série de tweets furiosos publicados pelo Presidente dos EUA, o que levou o governo mexicano a atribuir vistos humanitários aos mais de mil migrantes que participaram na marcha simbólica.
A 'caravana' integra homens, mulheres e crianças em fuga daqueles que são considerados alguns dos países mais perigosos do mundo à exceção de nações em guerra.