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Aldina Duarte leva a literatura no fado à Madeira, onde se estreia como fadista e visitante

16 mar, 2018 - 11:10 • Maria João Costa

Aldina Duarte é convidada do Festival Literário da Madeira e canta, esta sexta-feira, no Teatro Municipal Baltazar Dias, para apresentar o seu mais recente disco, “Quando se Ama Loucamente”.

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Nunca esteve na Madeira, mas diz que basta aterrar numa ilha para “mudar o estado de espírito”. Aldina Duarte estreia-se esta sexta-feira na Madeira, como fadista e como visitante.

Aldina Duarte é convidada do Festival Literário da Madeira e vai apresentar, no Teatro Municipal Baltazar Dias, o disco “Quando se Ama Loucamente”, que tem inspiração na obra literária de Maria Gabriela Llanson

A Renascença entrevistou a fadista que diz não passar um dia sem ler.

É a sua estreia na Madeira ?

A todos os níveis: a cantar e como visitante.

Vai dar um concerto no Teatro Municipal Baltazar Dias, integrado no Festival Literário da Madeira. O disco “Quando se Ama Loucamente” tem um pé na literatura?

Sim, porque escrevi uma auto-ficção. O que é que isto quer dizer? Decidi contar e cantar uma história de amor real que foi feliz, mas acabou de uma forma trágica. Achei que era importante contradizer aquela coisa de que o fim estraga tudo. Uma história vale pelo seu todo e não pelo fim, seja ele qual for. Mas achei que queria que tivesse algum valor literário. Como numa fase, até de luto, a Maria Gabriela Llansol e a obra dela me amparou e me fez avançar numa série de coisas, ao nível do que sentia e até do que fazia com a vida, resolvi ir buscar frases aos livros da Maria Gabriela Llansol. Achei que poderia, a partir delas, construir o cenário do acontecimento real que vivi e alterei a cronologia dos factos

Isto porque a Aldina Duarte é uma grande leitora...

Sim. Acho que a primeira arte com que eu tenho contacto na minha infância é a leitura. Até escrevi, há pouco tempo, um texto que se chama “O Ano de 1973”, porque foi o ano em que aprendi a ler. A música veio muito mais tarde. Há lugares diferentes nestas duas artes na minha vida, mas ambas tornaram-se a minha vida. Eu não passo um dia sem ler, não me ocorre, acho que nunca me aconteceu. Quando procurei a casa da minha vida, tive de contemplar um espaço só para livros. Os livros fazem parte do meu quotidiano. Aliás, costumo dizer que a pior coisa que me poderia acontecer era não ver - teria mesmo de contrarar alguém para me ler.

Que escritores vai querer ouvir aqui, no Festival Literário da Madeira?

Não tenho muita oportunidade porque tenho de escolher entre ir ao festival ou ir conhecer um pouco da Madeira, que não conheço. Entre os livros e a vida, eu escolho a vida. Num dia de concerto, não existe mais nada na minha cabeça. Fico muito desconcentrada em relação a tudo e a todos os que me rodeiam. Sou péssima companhia em dia de concerto, não consigo ouvir nada, já estou no concerto. No sábado, vou ver o que puder, sobretudo para sentir a terra. Sendo que me basta aterrar numa ilha para mudar o estado de espírito. O mar para mim é tudo e a ideia de que estou rodeada de mar encanta-me. Sinto-me muito bem em ilhas. Há qualquer coisa a nível geográfico que mexe comigo. Quero subir e descer estas ruas, não é a mesma coisa que nas colinas de Lisboa. Quero olhar para as pessoas, perceber o movimento da cidade, quero viver.

Tem de escolher?

Tenho de escolher. E os livros e a literatura estão em tudo o que eu faço. Como não sei quando é que volto à Madeira, quero levar o mais que puder desta terra e destas pessoas.

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