Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Pyeongchang 2018 em cinco momentos insólitos

24 fev, 2018 - 15:13 • Elsa Araújo Rodrigues

Conheça alguns dos momentos que marcaram a edição deste anos dos Jogos Olímpicos de inverno.

A+ / A-

Veja também:


Os Jogos Olímpicos (JO) de inverno, que se realizam na Coreia do Sul, têm sido ricos em momentos históricos, alguns deles caricatos, outros apenas insólitos.

Do "snowboarder" que esteve às portas da morte e menos de um ano depois ganhou uma medalha de bronze, à ascensão do curling a modalidade mediática, à participação de atletas mais amadores do que profissionais, a uma equipa roubada pela própria treinadora, a recordes "apaixonantes", ao atleta que competiu nos Jogos Olímpicos de inverno e de verão - em Pyeongchang, na Coreia do Sul - aconteceu de tudo um pouco.

1. Os 15 minutos de fama do curling

Apesar de ser um desporto centenário, o curling continua a ser uma modalidade pouco conhecida, mas chegou à ribalta mediática em Peyongchang graças a um casal de atletas russos.

Anastasia Bryzgalova foi a primeira a tornar-se popular nas redes sociais graças ao seu aspecto físico.

Os adeptos dos jogos olímpicos encontram na atleta semelhanças com uma conhecida atriz e os epítetos não se fizeram esperar. Bryzgalova foi considerada a “Angelina Jolie do curling”.

O outro elemento do casal, o "curler" Alexander Krushelnitsky foi notícia por um caso de doping.

Krushelnitsky testou positivo à substância meldonium, que pode melhorar o desempenho atlético. Inicialmente, o atleta russo afirmou inocência, mas acabou por admitir ter tomado a substância.

O casal tinha ganho uma medalha de bronze na competição de pares mistos que lhes foi retirada pelo Tribunal Arbitral do Desporto.

2. Química no gelo rende ouro e derrete recordes

O par canadiano Tessa Virtue, de 28 anos, e Scott Moir, de 30 anos, ganharam a medalha de Ouro na categoria pares em Peyongchang.

Foi a quinta medalha conquistada pelo par em edições dos Jogos Olímpicos – ganharam duas medalhas de prata (dança no gelo e por equipas) em Sochi (na Rússia), em 2014; e três de ouro – dança no gelo em 2010 e agora, 2018 e o primeiro lugar por equipas nesta edição.

Para além do feito inédito – nunca um patinador do gelo acumulou cinco medalhas olímpicas – também bateram o recorde mundial de pontos: conseguiram 83.67 no programa curto e 206.07 no recorde mundial combinado.

Outro facto caricato é que após os JO de inverno em Sochi, há dois anos, o par decidiu pendurar os patins de gelo e abandonar a alta competição.

A dupla voltou a juntar-se porque “sentiam falta das provas”. Mas ambos garantem que o regresso nada teve a ver com a relação pessoal que os une – que é apenas “uma parceria especial” baseada “numa grande amizade”.

Tessa e Scott têm uma verdadeira legião de fãs (nas redes sociais e fora delas) graças à química entre ambos durante os programas.

Os atletas garantem que a relação entre os dois não sai do gelo. No entanto, são muitos os que gostariam que a relação deixasse de ser apenas platónica – em especial depois do “quase beijo” com que fecharam a rotina da prova livre.

Para outros, a história de Tessa e Scott é mesmo “a maior história de amor olímpico alguma vez contada”.

3. O estranho caso da esquiadora acrobática... que não fez nenhuma acrobacia

Elizabeth Swaney é provavelmente a pior esquiadora acrobática olímpica (especialidade “halfpipe”) de todos os tempos.

A norte-americana competiu pela bandeira da Hungria – país onde nasceram os avós - em Pyeongchang. A atleta de 33 anos chamou à atenção pela visível falta de jeito com que deslizou pelas pistas.

Swaney não só mostrou dificuldade em equilibrar-nos nos “skys” como nem sequer tentou fazer nenhum dos típicos truques da modalidade no “halfpipe”.

Apesar da fraca prestação, a esquiadora afirmou ter ficado “decepcionada” porque “trabalhou vários anos” para chegar ali.

A história de Elizabeth Swaney mostra, no mínimo, perseverança. Desde os sete anos que tinha o sonho de competir nos JO e tentou várias modalidades – patinagem artística, remo, bobsleigh, skeleton – até chegar ao esqui. Começou a praticar depois dos JO de inverno de Vancouver (no Canadá) em 2010.

Apesar de ser norte-americana não conseguiu entrar na equipa feminina dos EUA de esqui acrobático (na especialidade de “halfpipe”). Cada país pode enviar no máximo quatro elementos para esta especialidade, e como a equipa dos EUA estava formada, optou por competir pela Hungria – que tinha um lugar vago.

Swaney conseguiu os mínimos olímpicos participando em várias finais do Campeonato do Mundo ao longo do ano que tinham menos de 30 mulheres, mas em que as 30 primeiras classificadas pontuavam. Ou seja, foi somando pontos preciosos para conseguir chegar aos JO - independentemente do lugar em que ficava classificada.

O melhor resultado obtido por Swaney foi um 13º lugar numa prova na China, onde participaram apenas 15 atletas.

Em Pyeongchang, Elisabeth Swaney terminou a prova no último lugar - o que não a impediu de se tornar um fenómeno nas redes sociais.


4. A treinadora que “roubou” o trenó da própria equipa

A equipa feminina jamaicana de bobsleigh - uma espécie de corrida no gelo, com “trenós” rápidos, os bobsleigh – ficou sem trenó quando a treinadora se despediu.

Sandra Kiriasis, que em 2006 ganhou o ouro na modalidade pela Alemanha, entrou em conflito com a Federação de Bobsleigh da Jamaica e quando bateu com a porta levou com ela o único trenó da equipa.

Segundo a alemã, o bobsleigh era dela e não da federação. O problema da falta de trenó acabou por se resolver graças a um patrocínio.

A primeira competição feminina do par de atletas jamaicanas, Jazmine Fenlator-Victorian e Carrie Russell, pode acontecer graças a uma marca de cerveja.

A empresa Red Stripe – a maior produtora de cerveja da Jamaica – resolveu comprar um bobsleigh para a equipa no valor de cerca de 45 mil euros.

5. O tongalês que trocou o taekwondo pelo esqui

O esquiador Pita Taufatofua tornou-se famoso logo após a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos na Coreia do Sul.

A fama imediata não se deveu ao desempenho atlético, mas porque desfilou com a bandeira de Tonga de tronco nu.

Aspeto físico à parte, Pita Taufatofua tem sido considerado um exemplo do espírito olímpico.

O atleta de 34 anos nasceu na Austrália, mas foi criado em Tonga – pequeno arquipélago do Pacífico que faz parte da Polinésia – país do qual é porta-bandeira.

Em 2016, no Rio de Janeiro, nos Jogos Olímpicos de verão competiu na arte marcial taekwondo. Na altura, foi eliminado no primeiro combate contra o iraniano Sajjad Mardani, por 16-1.

Na edição dos JO deste ano, Taufatofua competiu num desporto completamente diferente - o esqui “cross-country” (“todo o terreno”).

Taufatofua é o único atleta de Tonga - e um dos poucos no Mundo - que competiu em edições consecutivas dos JO, de verão e inverno.

Antes da competição, Taufatofua confessou que tinha apenas dois objetivos olímpicos: acabar a corrida e não bater numa árvore.

O atleta não elevou muito a fasquia, mas outra coisa não seria de esperar. Pita Taufatofua apenas começou a esquiar em “neve a sério” três meses antes da competição, antes praticou nas estradas asfaltadas de Tonga.

No final das provas, Taufatofua alcançou mais do que esperava. Terminou o percurso em 56 minutos e 41 segundos - 22 minutos e 57 segundos depois do suíço Dario Cologna, que ganhou o ouro.

Pita Taufatofua ficou em 114º lugar – à frente de dois outros atletas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+