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Juan Gabriel Vásquez recebe Prémio Casino da Póvoa nas Correntes d'Escritas

21 fev, 2018 - 11:15 • Maria João Costa

Escritor colombiano e o livro “A Forma das Ruínas” é o galardoado deste ano. A decisão foi tomada por maioria de três votos. Mas dois elementos do júri fizeram uma declaração à parte sobre outro finalista, o escritor Jaime Rocha.

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Depois de no ano passado ter estado nas Correntes d'Escritas, o escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez com o livro “A Forma das Ruínas” é o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa atribuído no âmbito do festival literário. O galardão, no valor de 20 mil euros, vai nesta 19.ª edição para um livro em prosa.

Na reunião da última noite, o júri decidiu atribuir o prémio numa decisão por maioria de três votos, contra dois, atribuídos a outro dos finalistas – o livro “Escola de Náufragos” do português Jaime Rocha. O caso motivou duas declarações à parte. Na apresentação, esta manhã, no Casino da Póvoa, José Mário Silva diz que foi uma decisão “renhida mas justa”.

Na declaração final que delibera o vencedor, o júri constituído pelos poetas Fernando Pinto do Amaral, José Mário Silva, o diretor do Instituto Cervantes de Lisboa, Javier Rioyo e pelas académicas Maria de Lurdes Sampaio e Teresa Martins Marques destaca o livro “A Forma das Ruínas” “pelo extraordinário fôlego narrativo e pelo notável retrato da História da Colômbia do século XX”. Este livro indica o texto a que tivemos acesso, é “fruto de uma vasta investigação pessoal e literária.” Em entrevista à Renascença, no ano passado o autor afirmou a propósito do livro que escrevia “a partir daquilo de que não conhece”. Nas palavras do júri “Além da criação de grandes, contraditórias e fascinantes personagens, o romance destaca-se pelo modo como fala do nosso tempo”.

O júri que deliberou na última noite escreveu ainda outras duas declarações de voto sobre a obra de Jaime Rocha que dividiu as opiniões dos jurados. Fernando Pinto do Amaral e Teresa Martins Marques que não votaram em Vásquez apontam a escolha do livro “Escola de Náufragos” de Jaime Rocha “pela deputação estilística e qualidade poética”, diz Pinto do Amaral, e pela “poderosa alegoria da vida”, destaca Teresa Martins Marques.

Entre os 140 livros a concurso, havia catorze finalistas – um dos anos com mais livros para apreciação.

Lista total contemplava:

  • “A Brecha” do escritor açoriano João Pedro Porto, editado em 2017 pela Quetzal
  • “A Forma das Ruínas” do colombiano Juan Gabriel Vásquez que no ano passado veio ao Festival e cujo livro é editado pela Alfaguara
  • A segunda obra da portuguesa Isabela Figueiredo intitulado “A Gorda”, editado pela Caminho.
  • Entre os finalistas estavam também a obra “A Resistência” com que o escritor de origem argentina Júlian Fuks venceu o Prémio José Saramago em 2017
  • “Água” do historiador e escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho lançado pela Caminho
  • “Escola de Náufragos” do escritor portugues Jaime Rocha com a chancela Relógio d'Água
  • “Essa Puta Tão Distinta” do Prémio Cervantes 2008, o espanhol Juan Marsé, editado pela Dom Quixote.
  • “Esse Cabelo” da portuguesa Djaimilia Pereira de Almeida editado pela Teorema
  • “Hoje estarás comigo no Paraíso” do Prémio Saramago e Fernando Namora, Bruno Vieira Amaral editado pela Quetzal
  • “Karen” da escritora madeirense Ana Teresa Pereira que venceu este ano o Prémio.
  • “Marienbad Elétrico” do espanhol Enrique Vila-Matas lançado pela Teodolito.
  • “O Meças” do portugues José Rentes de Carvalho” com a chancela Quetzal
  • “Um Postal de Detroit” do Prémio Leya, João Ricardo Pedro lançado pela D.Quixote.

Desde a primeira edição do Prémio, em 2004 que a distinção é atribuida alternadamente a uma obra de poesia num ano e a uma obra em prosa no seguinte. A primeira premiada foi a escritora portuguesa Lídia Jorge com a obra “O Vento Assobiando nas Gruas”. No ano passado, o prémio foi para o poeta entretanto falecido Armando Silva Carvalho com a obra “A Sombra do Mar”. Entre os outros premiados ao longo dos últimos catorze anos destacam-se nomes como os do espanhol Carlos Ruiz Zafón, o brasileiro Rubem Fonseca, a portuguesa Prémio Camões, Hélia Correia, ou os poetas Pedro Tamen e Ana Luisa Amaral.

Ao mesmo tempo, no Casino da Póvoa nesta manhã de abertura do Festival foram também anunciados outros prémios. O Prémio Literário Correntes d'Escritas Papelaria Locus atribuido a jovens de Portugal ou de países de expressão portuguesa entre os 15 e os 18 anos no valor de mil euros foi para uma jovem de Gondomar, Ana Beatriz Correia de Sousa pelo conto “Balaton”.

Já o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d'Escritas Porto Editora dirigido a alunos do quarto ano do ensino básico com o objectivo de promover o gosto pela escrita, leitura e desenho foi para “O advento na Achada” dos alunos do quarto ano da Escola EBJI Dr.Clemente Tavares, de Gaula, em Santa Cruz, na Madeira.

Quanto ao Prémio Literário Fundação Dr.Luís Rainha Correntes d'Escritas que distingue uma obra inédita em português cuja temática seja poveira e que tem o valor de mil euros ficou este ano por atribuir por o júri considerar que não houve uma obra que “correspondesse à exigência literária necessária”

A edição dezanove das Correntes D'Escritas decorre até sábado com dez mesas de conversa com escritores no Cine-Teatro Garrett na Póvoa de Varzim, sessões essas com entrada gratuita. O Festival Literário que reúne autores de expressão ibérica conta este ano com mais de oitenta escritores que vêm à Póvoa falar com os seus leitores, ir ao encontro de alunos das escolas locais e lançar diversos livros.

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