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ARCO Madrid. "Há interesse pela arte portuguesa e por Portugal"

20 fev, 2018 - 20:44 • Maria João Costa

​ARCO Madrid sem fronteiras nacionais, pensa o futuro. Em entrevista à Renascença, o diretor Carlos Urroz fala de como Portugal está na moda no mundo da arte e da terceira edição que a ARCO irá fazer em maio em Lisboa.

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Ao contrário do que é habitual, a edição deste ano da ARCO - Feira de Arte Contemporânea de Madrid não terá um país convidado. Porque os artistas “têm dificuldade em considerarem-se de um país”, diz o diretor Carlos Urroz, a organização decidiu apostar num tema para o certame que decorre de 21 a 25 de fevereiro.

Inspirado numa frase do escritor Jorge Luis Borges a edição deste ano reúne 208 galerias, de 29 países, quinze delas são portuguesas. À Renascença, Carlos Urroz fala de como Portugal está na moda no mundo da arte e da terceira edição que a ARCO irá fazer em maio em Lisboa.

A grande mudança deste ano é não terem um país convidado e apostarem numa temática. Porque escolheram como tema uma frase do escritor argentino Jorge Luís Borges sobre o futuro?

A ideia de pensarmos sobre o "futuro" está na mente de todos e é muito normal que estejamos preocupados com o futuro, mas este olhar dos artistas e dos comissários sobre o futuro foi o que nos interessou. Queremos que seja diferente e não seja simplesmente uma visão apocalíptica ou hipertecnológica. Queremos que os artistas reflitam sobre o que vai acontecer, sempre de uma maneira muito metafórica. São artistas selecionados por Chus Martinez, que é uma grande comissária e uma pessoa muito brilhante. A ideia parte desta citação de Borges que diz: “O futuro não é o que vai acontecer, mas sim o que vamos fazer”.

Mas hoje a questão dos nacionalismos ganhou novo protagonismo. Foi com essa consciência que abandonaram a ideia de ter um país convidado? As nacionalidades não fazem tanto sentido?

A ARCO recorre ao que pensam os artistas e o sector. Muitas vezes os artistas têm dificuldade em considerar-se de um país, porque nasceram num sítio, trabalham noutro e estudaram em outro. Por isso, a questão da nacionalidade é cada vez mais esfumada. Nesse sentido nós estamos a experimentar novos modelos. Não quer dizer que não vai haver mais países convidados, mas a verdade é que fazer outro caminho parece-nos mais adequado neste momento.

Como será a presença portuguesa este ano?

Uma presença fantástica! Portugal tem galerias estupendas. São 15 galerias representadas em todas as seções. Desde o Programa Geral, onde voltam a estar galerias do Porto que há anos não iam a Madrid. Na seção “Diálogos”, há uma galeria com um projeto muito bonito de diálogo entre dois artistas; há também um artista, o Pedro Neves Marques que está na seção “Futuro”. Acho que é uma boa representação. Estamos muito contentes.

A relação com Portugal estende-se para lá da ARCO Madrid, regressam depois a Lisboa para a terceira edição da ARCO Lisboa?

Sim, regressamos de 16 a 20 de maio. Vamos estar aqui na Cordoaria Nacional para fazer a terceira edição da ARCO Lisboa que está a despertar muito interesse de galerias e de grupos de museus que já confirmaram a sua presença em Lisboa. Vamos também fazer um encontro de museus ibero-americanos em Lisboa. Acho que vai ser uma grande edição.

No último ano abriram várias galerias estrangeiras na capital portuguesa. Acha que é uma consequência da vinda da ARCO para Lisboa?

Acho que tudo conta, mas não há um responsável único. Quero dizer com isto que a abertura de galerias estrangeiras aqui tem a ver com o interesse pela própria cidade de Lisboa. Claro que é verdade que o facto de haver a ARCO em Lisboa durante uma semana significa que haverá aqui pelo menos nesses dias um movimento de colecionistas, diretores de museus e gente interessante. Acho que o que conta é que há um interesse pela arte portuguesa, um interesse por Portugal como país e Lisboa como cidade. A abertura de museus como o MAAT também ajuda.

Em Madrid há, por estes dias da ARCO, três exposições centradas na arte portuguesa.

Há uma mostra de quase todos os séculos XX e XXI. Começa com uma exposição sobre Fernando Pessoa que inclui todos os artistas da modernidade do principio do século XX. Está no Museu Reina Sofia. Depois há uma exposição sobre os últimos dez anos na arte portuguesa no espaço da Tabacalera, que é um espaço industrial fantástico. Depois no Centro de Arte 2 de maio está o artista da secção futuro, o Pedro Neves Marques com uma peça que fala sobre os alimentos transgénicos e como a ciência está a afetar negativamente a botânica.

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