14 fev, 2018 - 06:00 • Ana Carrilho
Os portugueses já conhecem melhor os sintomas do enfarte de miocárdio e estão mais alerta para os riscos e para o que devem fazer, concluiu um estudo divulgado esta quarta-feira para assinalar o Dia Nacional do Doente Coronário.
Mais de 80% dos 1.044 inquiridos já identifica todos os principais sintomas e, quando os identifica, sabe que tem que ligar imediatamente para o 112.
Há cinco anos, mais de dois terços dos portugueses não conheciam os sintomas, mas hoje a situação é diferente.
Segundo o estudo realizado em novembro pela Pitagórica, em colaboração com a iniciativa “Stent Save a Life”, a realidade mudou: 95% dos inquiridos já refere a dor no peito como o principal sintoma.
“O enfarte apresenta-se como uma dor no peito, às vezes, mais um peso ou um aperto. Pode ir para as costas, para o pescoço, para os braços. Às vezes, é acompanhada de náuseas e de vómitos. Face a estes sintomas não se deve esperar e deve-se ligar para o 112. Nem sempre é um enfarte, mas os hospitais preferem receber um falso alarme do que a pessoa ficar em casa à espera e ser um enfarte. Na dúvida, ligar”, explica à Renascença o cardiologista Hélder Pereira.
O também coordenador europeu da iniciativa “Stent Save a Life”, que pretende reduzir os riscos de enfarte em diversos países, frisa que o INEM sabe para que hospitais especializados deve levar o doente, sem demora. O tempo pode fazer toda a diferente entre a vida e a morte, sublinha.
Os portugueses também conhecem os fatores de risco, mas, segundo o inquérito, não todos. Ignoram, por exemplo, a diabetes. Por isso, há trabalho a fazer, admite Hélder Pereira.
“Dão muita importância ao excesso de peso, à obesidade, à alimentação, um bocadinho menos ao tabaco, mas o que ainda deram menos foi à diabetes. Foi um pouco uma surpresa e temos que olhar para esta resposta, porque a diabetes é um fator de risco muito importante”, sublinha o especialista.
Hélder Pereira dá exemplos de alguns cuidados que é preciso ter para reduzir o risco de um enfarte:
E se acontecer o enfarte, a angioplastia já é uma solução para muitos doentes. Depois, a reabilitação é fundamental. Mas essa é uma área em que Hélder Pereira admite que o Estado tem que investir mais.
“Os portugueses têm pouco acesso a um programa de reabilitação cardíaca, para recuperar e evitar novos eventos. É algo em que o Ministério da Saúde e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia estão a trabalhar fortemente.”
Três quartos dos inquiridos neste estudo foram ao médico há menos de seis meses, sobretudo para consultas de rotina.
Mais metade foi a uma urgência hospitalar há mais de um ano.
Menos de metade das pessoas que participaram no estudo (todos com mais de 15 anos) são fumadoras e 72% bebe álcool, embora só 18% com frequência.
Mais de 80% bebe café. Metade dos inquiridos diz fazer uma alimentação saudável, mas a outra metade admite comer de tudo sem restrições e só 40% faz exercício físico.