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Fernando Guerra fotografa o que o surpreende: a arquitectura

12 jul, 2017 - 20:34 • Maria João Costa

Na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém abriu ao público uma exposição que revela o trabalho de Fernando Guerra.

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“Fotografo o que me surpreende”, conta Fernando Guerra. O fotógrafo de 46 anos estudou Arquitectura, mas a sua relação com os edifícios faz-se através de uma lente. O resultado de 18 anos de trabalho está agora revelado na exposição “Raio X de uma prática fotográfica", que abriu ao público na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

Ser fotógrafo de arquitectura é, segundo Fernando Guerra, ser “o mensageiro entre o arquitecto e o público”. “Esta exposição conta uma história” que é a sua, explica o fotógrafo, sentado entre as mais de 1.200 imagens espalhadas numa mesa com 60 metros de comprimento que ocupa toda a área da Garagem Sul do CCB.

Comissariada por Luís Santiago Baptista, a exposição não deixa de fora qualquer arquitecto com que Fernando Guerra tenha trabalhado. “Quem sou eu para dizer que este ou aquele arquitecto não poderia estar presente?”, interroga-se Guerra, que fala do seu trabalho como um labor de “afectos”.

Nas imagens estão obras de nomes maiores da arquitectura nacional e internacional. Um dos arquitectos em destaque é Álvaro Siza Vieira com quem Fernando Guerra tem já uma longa relação de trabalho e de quem tem vindo a construir um minucioso acervo fotográfico da sua obra pelo mundo. Mas há outros arquitectos portugueses cuja obra já esteve na mira da lente de Guerra: Souto Moura, os irmãos Aires Mateus, Gonçalo Byrne, Frederico Valsassina, Carrilho da Graça, Paulo David e o ateliê Promontório, entre outros.

Loja Renova & Teatro, em Almonda. Projecto Phyd Arquitectura. Foto: Fernando Guerra

Nesta exposição estão também imagens de projectos de arquitectos internacionais, como o brasileiro Paulo Mendes da Rocha, que fez o Museu Nacional dos Coches, ou Zaha Hadid, a arquitecta de origem iraquiana que morreu no ano passado.

Fotos com gente

Fernando Guerra é um pioneiro na forma de captar a imagem de arquitectura. A Renascença desafiou-o a explicar em que é que as suas imagens são diferentes. Começa por nos dizer que gosta de estar “um dia inteiro na obra” e de “estar a apanhar a vida na casa, no hotel, onde quer que seja”.

Essa é a característica que o distingue: fazer fotografias com gente dentro. “Não interessa se é o cão ou o periquito”, diz, num tom humorístico, Fernando Guerra. Sempre quis que as imagens tivessem “vida” mesmo numa altura em que era “proibido incluir pessoas nas fotografias”.

Há 18 anos que Fernando Guerra abriu o estúdio FG+SG em colaboração com o irmão, Sérgio Guerra com que trabalha e com quem faz o site Últimas Reportagens. Essa dimensão digital é destacada pelo comissário da exposição: “As fotografias projectadas, as que estão em ecrãs, mostram como as imagens circulam hoje já não no sentido tradicional, circulam hoje em múltiplos suportes.”

A outra paixão de Fernando Guerra

“Fernando Guerra: Raio X de uma prática fotográfica” tem outra particularidade. De forma cronológica, surgem algumas máquinas fotográficas que Guerra utilizou, desde as analógicas que os pais lhe compraram até aos modernos “drones”.

No espaço da Garagem estão também estacionados três carros. São modelos antigos e clássicos da Porsche que este fotógrafo, que já tem cinco fotografias suas no espólio do Museum of Modern Art (MoMA), em Nova Iorque, tem vindo a recuperar.

São carros que Guerra gosta também de fotografar e que lamenta agora não poder conduzir durante os próximos tempos, pelo menos enquanto durar a exposição – até 15 de Outubro.

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