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Leite materno reduz risco de obesidade na infância

01 ago, 2024 - 06:10 • Anabela Góis

Portugal está longe de ter 50% das crianças alimentadas exclusivamente com leite materno até aos seis meses de idade, um objetivo global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2025.

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Um bebé que nunca foi amamentado tem um risco agravado, em quase 17%, de desenvolver obesidade na infância, conclui um estudo feito em 22 países, incluindo em Portugal, onde quase um terço das crianças tem excesso de peso e 14% sofrem de obesidade.

Ana Rito, coordenadora do Centro Colaborativo da OMS para a Nutrição e obesidade Infantil, diz à Renascença que o problema seria reduzido com o aleitamento materno, exclusivo, pelo menos até aos seis meses.

"Percebemos que uma criança que nunca foi amamentada tem 16,8% de risco de obesidade aos seis anos. Numa criança que tenha sido amamentada mais de seis meses, esse risco cai para 9%, quase metade. Portanto, é de reforçar sempre a promoção do aleitamento materno continuado e, principalmente, até aos dois anos”, afirma Ana Rito.

Em Portugal a taxa de amamentação à nascença ronda os 90%, o que é muito positivo. Mas só 22% das mães portuguesas mantêm o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses.

A especialista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge diz que o nível de adesão ao aleitamento materno também varia em função das regiões. Nos Açores, essa taxa é muito inferior e isso tem consequências. “De facto os Açores, uma das regiões com maior prevalência de excesso de peso e obesidade infantil, foi também aquela onde se observou a menor taxa de aleitamento materno exclusivo, cerca de 14,2% apenas, quase metade da média nacional. Por oposição, a região do Algarve é uma das que regista maior taxa de aleitamento materno”, explica.

Uma taxa que, segundo a coordenadora do Centro Colaborativo da OMS para a Nutrição e Obesidade Infantil, nos deixa muito longe do objetivo global da Organização Mundial da Saúde.

“A OMS queria alcançar uma taxa de 50% de aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de vida do bebé ou mais, até 2025”. Estamos longe do ideal, adianta Ana Rito, lembrando que “ao nível da Europa provavelmente não se conseguirá atingir o objetivo global. A exceção é a Ásia Central onde a taxa de aleitamento materno exclusivo é maior”.

Segundo Ana Rito, “promover o aleitamento materno até aos dois anos de idade é o ideal, mesmo que a partir dos seis meses se inicie a diversificação alimentar”.

Os benefícios do leite materno são sobejamente conhecidos: “reforça o sistema imunitário da criança, portanto, diminui tudo o que são infeções e alergias, diminui também o risco de síndrome de morte súbita do latente e o risco de obesidade e contribui para um melhor desenvolvimento neurológico e cognitivo da criança”.

Mas os benefícios para a mãe também são evidentes, sublinha a especialista, porque amamentar “diminui o risco de hemorragia pós-parto, diminui riscos de desenvolvimento de cancros de mama e de ovários, diminui o risco de desenvolvimento de osteoporose e facilita muito a recuperação do peso corporal, que é muito importante".

"Nós também temos uma prevalência de excesso de peso e obesidade materna bastante elevada e, portanto, é extraordinariamente importante aproveitar o momento da amamentação para recuperar do peso pós gravidez”, sublinha.

Esta quinta-feira arranca a Semana Mundial do Aleitamento Materno, que se celebra anualmente de 1 a 7 de agosto.

Em 2024, o tema é Fechando a Lacuna: Apoio à Amamentação para Todos.

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