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Kate Middleton luta contra um cancro. O que sabemos sobre quimioterapia preventiva?

22 mar, 2024 - 23:43 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters

A princesa de Gales revelou ao mundo que luta contra um cancro e que está a realizar uma terapia adjuvante.

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Após semanas de especulação pública sobre a saúde da princesa de Gales, Kate Middleton revelou esta sexta-feira que está a receber quimioterapia "preventiva", depois de uma cirurgia abdominal realizada em janeiro ter denunciado a existência de um cancro.

O desconhecimento de alguns detalhes torna difícil a avaliação de possíveis impactos que o tratamento possa ter na saúde de Kate. No vídeo que publicou na plataforma X, não foram fornecidos quaisquer detalhes sobre o tipo ou estágio do cancro, nem partilhado o plano de tratamento que terá que adotar.

Ainda assim, aqui está o que podemos dizer sobre a quimioterapia preventiva.

O que é a quimioterapia preventiva?

A quimioterapia preventiva é administrada antes ou depois de um tratamento primário, como uma cirurgia, para reduzir a possibilidade de uma remissão ou propagação do cancro.

Os tratamentos preventivos administrados antes do tratamento primário são chamados de terapia neoadjuvante. Os tratamentos preventivos administrados posteriormente, como o verificado com Kate, são chamados de terapia adjuvante.

A quimioterapia adjuvante pode “limpar” quaisquer células cancerígenas remanescentes, mas o seu valor varia de acordo com o tipo de cancro e com o seu tamanho e localização, esclareceu à agência Reuters o professor Bob Phillips, oncologista pediátrico da Universidade de York.

Mais tarde, os pacientes podem receber terapia de manutenção para prevenir a remissão da doença ou retardar o seu crescimento.

Como é o tratamento e a recuperação?

Hoje em dia, os oncologistas veem o cancro como uma série de doenças, cada uma das quais requer o seu próprio plano de tratamento específico com uma variedade de terapias, incluindo infusões intravenosas, comprimidos ou radiação. O tratamento pode durar de alguns meses ou mais de um ano.

“Há um grande número de medicamentos quimioterápicos e combinações que resultam em muitos regimes diferentes, mesmo para um único tipo de cancro”, disse o Dr. Mangesh Thorat, cirurgião da mama no Homerton University Hospital.

Normalmente, “os pacientes recebem de quatro a seis ciclos, cada um com uma duração de 21 dias e consistindo num dia ou alguns dias de quimioterapia, acrescido do tempo para o corpo recuperar”, disse Phillips.

Noutros casos, a quimioterapia é administrada diariamente, ou a cada duas ou quatro semanas, observou ele.

Kate Middleton diagnosticada com cancro
Kate Middleton diagnosticada com cancro

Os tempos de recuperação variam muito, mas mesmo quando o tratamento termina, pode levar meses para o paciente retomar a atividade plena.

A idade importa?

Pacientes mais jovens tendem a ser mais saudáveis quando recebem o diagnóstico e, portanto, têm maior probabilidade de suportar as doses ideais de medicamentos quimioterápicos administrados em intervalos ideais, disse Phillips.

“Há cada vez mais pessoas na faixa dos 40 anos com cancro”, sublinha o professor Andrew Beggs, cirurgião colorretal da Universidade de Birmingham.

“Os jovens toleram melhor doses mais elevadas de quimioterapia e, portanto, podem receber regimes mais fortes, com maior probabilidade de matar quaisquer células restantes”, acrescentou Beggs.

De acordo com um estudo de 2023 realizado em 204 países, publicado no BMJ Oncology, o número de casos de cancro em pessoas com menos de 50 anos totalizou 3,26 milhões em 2019, um aumento de 79,1% desde 1990, com “variações notáveis” nas taxas de mortalidade entre áreas, países, sexo e tipos de cancro.

Um estudo separado de 2023, publicado na JAMA Network Open, relatou que nos Estados Unidos, de 2010 a 2019, os cancros gastrointestinais tiveram as taxas de incidência de crescimento mais rápido entre todos os grupos de cancro de início precoce, com foco particular nos cancros do apêndice, do ducto biliar do fígado e do pâncreas.

Os cancros do cólon e da mama também têm sido cada vez mais diagnosticados em pacientes mais jovens, demonstram os estudos.
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