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Investigador da UC estuda círculos de pedras na Antártida em formação há 10 mil anos

11 mar, 2024 - 12:05 • Olímpia Mairos

Segundo Pedro Pina, fazer a caracterização morfométrica destes círculos, identificar o tipo de rocha e de solo, e relacionar isso com expansão da vegetação é também muito importante para perceber o avanço das alterações climáticas.

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O professor e investigador da Universidade de Coimbra (UC) Pedro Pina está a estudar e a monitorizar a evolução de círculos de pedras naturais na Antártida em formação há 10 mil anos, quando os glaciares da região começaram a recuar e criar zonas livres de gelo.

Citado, em comunicado da Universidade de Coimbra, o investigador explica que “nas zonas polares e de alta montanha é comum existirem padrões naturais de fragmentos rochosos que se formam, sobretudo, em regiões livres de gelo como permafrost, em que o solo, por variação sazonal de temperatura, cria à superfície círculos de pedras, que podem ter entre 1 a 4 metros de diâmetro”.

“É a evolução destes círculos que estamos a estudar e monitorizar, através de imagens de satélite e, mais recentemente, de drones”, acrescenta.

De acordo com a UC, o permafrost é a camada do solo da crosta terrestre que está permanentemente congelada. No entanto, se as temperaturas atingirem zero graus ou mais, esta camada começa a descongelar e a possibilitar uma dinâmica semelhante à do solo “normal”, acabando por permitir, na Antártida, a implantação de vegetação rasteira (tipicamente líquenes e musgos).

“Estes círculos formam-se pela dinâmica sazonal do solo, que, mesmo que não descongele, sofre variações de temperatura ao longo do ano, o que faz com que se movimente, começando a expulsar primeiro as pedras maiores do subsolo para a superfície, ‘arrumando-as’ depois radialmente à superfície (em forma de círculo)”, explica o investigador do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Para Pedro Pina, “este fenómeno natural é um bom indicador das características de climas passados”, sublinhando que “é aliciante estudar estes círculos de pedras que se formam ao longo de centenas de milhares de anos”.

Padrões que “ajudam a perceber o clima que existiu na região nos últimos 10 mil anos”, sendo que “o objetivo da monitorização é quantificar a densidade espacial dos círculos, se são maiores ou menores, se ainda estão ativos ou não”, destaca.

O investigador esclarece, ainda, que “a sua dinâmica é sempre muito baixa (poucos milímetros por ano), por isso não os vemos a movimentar-se, mas percebe-se que estão ativos se o solo estiver húmido. Porém, se estiver coberto de vegetação, normalmente, significa que já não estão ativos”.

“Fazer a caracterização morfométrica destes círculos, identificar o tipo de rocha e de solo, e relacionar isso com expansão da vegetação é também muito importante para perceber o avanço das alterações climáticas”, remata.

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