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Sindicato quer intervenção da AR e de Medina para aplicar aumento de 1% na CGD

11 set, 2023 - 12:40 • Lusa

Administração do grupo tem “argumentação absurda” e “desfaçatez e imoralidade descaradas”, acusa sindicato.

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O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) vai requerer a intervenção dos grupos parlamentares, Ministério das Finanças e Comissão de Orçamento e Finanças para reclamar a aplicação do aumento extraordinário de 1% decidido pelo Governo.

“O STEC vai requerer a intervenção dos responsáveis políticos, nomeadamente, grupos parlamentares da Assembleia da República, Ministério das Finanças e Comissão de Orçamento e Finanças, considerando as especiais responsabilidades que uma empresa pública como a CGD [Caixa Geral de Depósitos] deveria assumir quanto ao cumprimento das diretivas do Governo”, avança esta segunda-feira o sindicato em comunicado.

O anúncio do STEC surge na sequência de uma reunião de conciliação realizada no Ministério do Trabalho entre o sindicato e a CGD para discutir o aumento salarial de 1% que, por deliberação da administração do banco, não foi aplicado na CGD.

Em causa está o aumento salarial intercalar de 1% para a administração pública este ano anunciado em março pelo Governo e pago a partir de 20 de maio, de forma a travar a perda de rendimento dos trabalhadores na sequência do elevado nível da inflação.

Conforme recorda o sindicato, “se, no caso da administração pública, este aumento de 1% é um facto, já no que se refere às empresas do setor empresarial do Estado, onde a CGD se insere, surge sob a forma de recomendação”, sendo que a administração do banco deliberou que não o iria aplicar.

Contestando esta decisão e argumentando que “outras empresas públicas, com bem menores condições financeiras”, aplicaram este aumento extraordinário, o STEC solicitou a conciliação do Ministério do Trabalho.

Na reunião de conciliação entretanto realizada, o sindicato sustenta que “o insólito aconteceu” e que “a CGD, sem quaisquer condições para negar a indesmentível onda de lucros, que se traduzem em quase 1,5 mil milhões de euros [considerando os resultados de 2022 e do primeiro semestre de 2023], optou por basear a sua recusa numa atitude de prudência relativamente aos aumentos salariais, argumentando que no futuro estes se poderiam tornar insustentáveis”.

“Prudência essa que – contrapõe o STEC - já não se verifica quando estão em causa as remunerações da administração da CGD, que, como é público, em 2022 cresceram na ordem dos 37%”.

Sustentando que da “riqueza que todos produzem” na CGD “apenas uma bem pequena parte aufere os grandes benefícios”, o sindicato acusa a administração do grupo de “argumentação absurda” e de “desfaçatez e imoralidade descaradas”.

“Bem podemos continuar a ler e a ouvir que é imperioso e urgente melhorarem-se os salários e as pensões de reforma em Portugal; que, em termos remuneratórios, o país cada vez se está a afastar mais da realidade europeia e que o crescimento económico do país não pode assentar numa política de baixos salários. Porque tudo isso não passa de ‘música’ para os ouvidos da administração da CGD que, sentada no poderio de uma cadeira de lucros cada dia mais volumosa, alcançados à custa dos trabalhadores, não tem qualquer pejo em declarar que não pode dar este aumento de apenas 1%, porque isso poderia pôr em causa a sustentabilidade da empresa no futuro”, remata o sindicato.

Acusando a administração da CGD de parecer "ter apenas um objetivo - amealhar lucros sem olhar a meios e fazer ‘boa figura’ perante o Governo” -, o STEC lamenta que esta se mantenha “indiferente” ao ambiente vivido no seio do banco, onde “a indignação cresce, a desmotivação instala-se e a revolta aumenta”.

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