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Unicef: Conflito armado agrava crise de desnutrição infantil no Haiti

27 mar, 2024 - 10:49 • Olímpia Mairos

Fundo das Nações Unidas para a infância insta a comunidade internacional a envidar esforços para proteger os civis, restabelecer a lei e a ordem nas ruas e garantir a circulação segura de trabalhadores humanitários e suprimentos vitais, incluindo alimentos terapêuticos prontos para consumo.

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O aumento alarmante da violência armada na região do Haiti está a criar um risco maior de agravamento da crise de subnutrição no país. O alerta é da Unicef que cita os últimos dados da análise da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC) que revelam “um aumento alarmante de 19% no número de crianças que sofrem de desnutrição aguda grave no Haiti este ano”.

“Além disso, de acordo com a última análise do IPC, 1,64 milhões de pessoas enfrentam níveis de emergência de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 4), aumentando o risco de desperdício infantil e desnutrição, especialmente em oito áreas do país”, lê-se no comunicado.

Segundo o fundo das Nações Unidas para a Infância, o conflito armado em curso em Artibonite e no departamento de Oeste, onde se situa Porto Príncipe, está a dificultar a distribuição de ajuda e levou ao colapso de um sistema de saúde já frágil, representando um perigo mortal para mais de 125.000 crianças em risco de subnutrição aguda grave.

“As consequências do conflito e da instabilidade no Haiti não se limitam aos riscos associados à violência: a situação também está a provocar uma crise de saúde e nutrição infantil que pode custar a vida de muitas crianças”, alerta a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell.

Crise humanitária agudiza-se

O organismo diz ainda que desde janeiro, a precária situação de segurança do país continuou a exacerbar a crise humanitária, prejudicando gravemente a capacidade da Unicef de armazenar, distribuir e reabastecer a assistência urgentemente necessária.

“Um dos 17 contentores da Unicef foi saqueado no início de março no principal porto de Porto Príncipe”, indica o organismo das Nações Unidas, especificando que “o contentor armazenava artigos essenciais para a sobrevivência de mães, recém-nascidos e crianças”.

De acordo com a Unicef, devido à atual insegurança, apenas dois em cada cinco hospitais estão em funcionamento no país, enquanto apenas uma em cada quatro unidades de saúde está a funcionar no departamento de Artibonite, a maior região produtora de arroz do país.

Ao mesmo tempo, indica que a insegurança persistente em Porto Príncipe “tornou impossível que pelo menos 58 mil crianças que sofrem de desnutrição aguda grave na área metropolitana fossem atendidas com ajuda sanitária e nutricional”.

A estrada Martissant, o único corredor humanitário que liga Porto Príncipe às regiões do sul, continua bloqueada, deixando cerca de 15 mil crianças que sofrem de desnutrição à beira do desastre.

Unicef intensifica ajuda e pede mais apoio à comunidade internacional

“A insegurança que afeta grande parte da capital do Haiti está a dificultar o transporte e o fornecimento de alimentos terapêuticos prontos a usar, utilizados para tratar crianças que sofrem de desnutrição aguda grave, o que poderá levar a perturbações na cadeia de abastecimento e ter consequências graves se a situação continuar a não mudar” , denuncia a Unicef, que apesar de tudo está a intensificar esforços para proteger as famílias e fornecer ajuda vital, incluindo pessoas presas e privadas de serviços básicos.

Neste contexto, a Unicef insta a comunidade internacional a envidar esforços para proteger os civis, restabelecer a lei e a ordem nas ruas e garantir a circulação segura de trabalhadores humanitários e suprimentos vitais, incluindo alimentos terapêuticos prontos para consumo.

O fundo das Nações Unidas para a Infância pede ainda que se aumente “o financiamento imediato e flexível para satisfazer as necessidades dos mais vulneráveis”, que se assegure que “a ajuda chegue às populações mais afetadas o mais rapidamente possível” e que se protejam “escolas, hospitais e outras infraestruturas vitais para as crianças”, assim como os espaços humanitários.

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