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OMS relata níveis de desnutrição sem precedentes em Gaza e morte por fome de 15 crianças

05 mar, 2024 - 15:02 • Lusa

A OMS pediu mais uma vez a Israel que facilite o acesso à ajuda humanitária, bem como ao combustível, sem o qual não pode ser gerada a eletricidade necessária para áreas críticas, sejam unidades de cuidados intensivos ou de enfermagem.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou esta terça-feira que o colapso do estado nutricional da população de Gaza não tem precedentes a nível mundial, relatando a morte de pelo menos 15 crianças devido à falta de comida.

Numa videochamada a partir da Faixa de Gaza, o chefe-adjunto do gabinete da OMS, Ahmed Dahir, disse que 10 crianças morreram recentemente no hospital Kamal Adwan, local que visitou no fim de semana passado para fazer chegar ajuda humanitária, nomeadamente material médico.

A morte de outras cinco crianças devido à desnutrição e desidratação foi relatada em outros locais do enclave palestiniano, palco de uma guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas desde 7 de outubro de 2023.

Dahir testemunhou o caso de duas crianças gravemente desnutridas a serem tratadas durante a sua missão, que foi a primeira a levar ajuda a este hospital - a maior unidade hospitalar especializada em cuidados pediátricos, situada no norte de Gaza - desde o início da guerra.

O hospital Kamal Adwan está localizado na zona do enclave mais devastada pela guerra e, apesar dos danos nas suas infraestruturas, da destruição de alguns dos seus edifícios, da escassez de material médico e da falta de combustível e eletricidade, voltou a funcionar.

"Os pacientes e a equipa médica sobrevivem com uma refeição por dia", disse Dahir.

"O rápido e grave declínio da desnutrição em Gaza não tem precedentes a nível mundial, quando isso nunca fora um problema. Gaza era autossuficiente quando se tratava de peixe, aves, ovos, vegetais e frutas. Os morangos de Gaza são famosos e eram exportados", explicou, por sua vez, o responsável da OMS para os territórios palestinianos, Rik Peeperkorn.

Ainda na mesma conferência de imprensa por videochamada, o porta-voz da Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), James Elder, explicou que a desnutrição costuma deixar consequências para toda a vida, comprometendo o desenvolvimento do cérebro e dos principais órgãos da criança e expondo-a facilmente a qualquer infeção devido à falta de nutrientes proporcionados por uma alimentação variada.

Elder explicou que uma criança com menos de cinco anos de idade com desnutrição grave tem 11 vezes mais probabilidade de morrer desta causa do que de pneumonia, que é a doença mais letal na infância.

A OMS pediu mais uma vez a Israel que facilite o acesso à ajuda humanitária, bem como ao combustível, sem o qual não pode ser gerada a eletricidade necessária para áreas críticas, sejam unidades de cuidados intensivos ou de enfermagem.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 30 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.

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