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Quem quer soprar um gigantesco dente de leão maior do que Júpiter?

03 ago, 2023 - 13:45 • Miguel Marques Ribeiro

Um grupo de cientistas da Universidade de Liege, da Bélgica, descobriu um planeta gasoso que está a ser descrito como um gigantesco dente de leão ou uma enorme bola de algodão doce.

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Está situado a 1.232 anos-luz da Terra e chamou a atenção de uma equipa da Universidade de Liége, da Bélgica pelas suas características únicas. O WASP-193b é um exoplaneta com cerca de 1,5 vezes o tamanho de Júpiter (o maior planeta do nosso sistema solar). No entanto, é composto por pouco mais de 10% da sua massa.

O resultado foi a formação de um corpo gigante, mas extremamente leve, devido aos gases de baixa-densidade extrema que o compõem. "É tão leve e fofo que sua densidade geral é comparável à do algodão doce”, diz o site Science Alert, que o descreve ainda como "um dente de leão em forma de planeta".

Para os cientistas, que publicaram um pré-print com os resultados da pesquisa no site ArXiv.org, o melhor termo de comparação com o nosso sistema solar é Neptuno, também ele um gigante gasoso. O astro agora descoberto é mesmo classificado como um “um super-Neptuno de baixa-densidade extrema”.

Assim, se tiver as mesmas características que o último planeta do nosso sistema solar (assim considerado desde a desclassificação de Plutão) a sua atmosfera deverá ser obscura, fria e muito ventosa.

O interesse científico desta descoberta reside, no entanto, no facto do WASP-193b poder ser um planeta "migrante", o que torna um exemplar raro no conhecimento astronómico.

Embora orbite uma estrela com muitas semelhanças com o sol (em massa e diâmetro), ele está muito mais próximo da sua estrela do que Mercúrio (o primeiro planeta do sistema solar) do nosso sol, realizando a translação (órbita completa) em pouco mais de 6 dias, refere ainda o Science Alert. Mercúrio, por comparação, demora 88 dias.

Não é plausível que um planeta com tais características, um gigante gasoso, se forme tão próximo de uma estrela, pelo que o mais verosímil é que se tenha originado a maior distância e posteriormente deslocado para órbitras interiores ao longo do tempo.

Os cientistas podem assim recolher dados importantes sobre a forma como os sistemas planetários se formam e o modo como evoluem.

Assim, há muito ainda a conhecer sobre o WASP-193b, nomeadamente perceber de que é feita a atmosfera do portentoso astro, tarefa para a qual deverão ter o contributo do Telescópio Espacial James Webb.

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